São Francisco - Cortejado e depois rejeitado pelo homem mais rico do mundo, o Twitter parece bem posicionado para vencer uma batalha judicial com Elon Musk por uma multa de pelo menos US$ 1 bilhão, mas a rede social não sairá ilesa.

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. | Foto: Olivier Douliery - AFP

A negociação "começou como um espetáculo de circo e está terminando como um espetáculo de circo", disse à AFP Dan Ives, analista da empresa de investimentos Wedbush.

Musk, fundador da empresa de carros elétricos Tesla, enviou uma carta ao Twitter na sexta-feira dizendo que estava desistindo de um acordo polêmico que fez em abril para comprar a plataforma por US$ 54,20 por ação, ou um total de US$ 44 bilhões.

No entanto, esses acordos de fusão são "projetados para evitar que os compradores recuem e decidam se afastar", diz Ann Lipton, professora de direito da Universidade de Tulane especialista em litígios corporativos.

Musk, que também preside a SpaceX aeroespacial, acusou a rede social de entregar “declarações falsas ou enganosas” sobre o número de contas falsas em sua plataforma.

Seus advogados também apontaram que o Twitter demitiu funcionários e deixou de contratar, prática que consideram contrária à obrigação da empresa de continuar operando normalmente.

Esses argumentos podem ser válidos, mas não garantem a saída total do negócio, diz Lipton, que chama a medida de "melindrosa".

"Não são suficientes, a menos que ele possa provar que as declarações (sobre contas falsas) não são apenas falsas, mas também afetam as bases fundamentais do acordo", explica.

'O TWITTER MORRERIA'

Há ainda a possibilidade de que o bilionário esteja de fato tentando renegociar um preço menor.

Essa tática já foi usada com sucesso antes, como quando há dois anos a LVMH, a gigante global do luxo, quebrou um acordo para adquirir a Tiffany antes de obter um desconto.

No entanto, os especialistas não veem como Musk e o Twitter podem concordar com um preço diferente neste momento, já que as ações da plataforma perderam mais de um quarto de seu valor desde o final de abril.

"Ambos têm muito a perder", adverte Lipton.

Se o Twitter vencer no tribunal, o empresário terá que pagar pelo menos um bilhão de dólares em danos.

Na pior das hipóteses, ele pode ser obrigado a honrar seu compromisso e comprar o Twitter a um preço que se tornou exorbitante, enquanto sua fortuna vêm sendo consumida em dezenas de bilhões de dólares nos últimos meses.

Embora isso fosse uma vitória para os acionistas, a empresa ficaria nas mãos de Musk e sua visão libertária de absoluta liberdade de expressão, posição que não é compartilhada por muitos dos funcionários, usuários e anunciantes.

"O Twitter está pior agora do que há seis meses, mas, a longo prazo, ficará melhor sem ele", diz Carolina Milanesi, analista da Creative Strategies.

"É como um brinquedo que uma criança mimada quer, mas não sabe o que fazer com ele, então fica entediado e não dá a atenção que merece, e esquece em um canto (...) O Twitter teria uma morte lenta e dolorosa", prevê.

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