Curitiba - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (16) que a renovação do Tratado de Itaipu, com o Paraguai, levará em conta a responsabilidade do Brasil no desenvolvimento da região e dos países vizinhos.

"Faremos um novo tratado que será muito benéfico para a manutenção do desenvolvimento do Paraguai, do desenvolvimento do Brasil, e para a manutenção dessa relação cordial e harmoniosa do povo brasileiro e o povo do Paraguai", disse Lula.

Ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, Lula discursou em Foz do Iguaçu na cerimônia de posse do ex-deputado federal e economista Enio Verri (PT) como diretor-geral brasileiro da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, com mandato até maio de 2027.

Verri assume Itaipu em um momento de renegociação. O Brasil e Paraguai iniciam neste ano uma renegociação do Anexo C do tratado bilateral, que rege a estrutura financeira da empresa e de comercialização da energia da usina.

A renegociação do Anexo C ocorre após a quitação da dívida contraída há quase 50 anos para a construção da usina, em 28 de fevereiro. A expectativa é que as partes comecem as negociações no segundo semestre, após a eleição presidencial no Paraguai.

Em seu discurso, Lula defendeu a importância da Itaipu para o desenvolvimento regional e citou as comunidades indígenas que estão na área de influência da usina. Também defendeu a retomada da Unila, a Universidade da América Latina. "Fiquei com muita tristeza porque passei de helicóptero e parece um prédio abandonado. Depois que deixei a presidência, pouca coisa foi feita. Vamos reconstruir a Unila", disse ele.

Disse ainda que a usina jamais teria sido construída hoje da forma como foi. "Hoje todos temos clareza que não teríamos feito o lago cobrir Sete Quedas como naquela época. Naquele tempo, não existia a compreensão climática que existe hoje", discursou.

Na cerimônia, estavam presentes parlamentares, ministros, prefeitos da região e a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, que trabalhou por mais de 15 anos na Itaipu. Em missão oficial na Ásia, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), não participou e foi representado pelo vice, Darci Piana. A cerimônia foi realizada no Cineteatro dos Barrageiros da usina. O local estava lotado com funcionários da hidrelétrica.

Reeleito deputado federal pelo Paraná em outubro, Enio Verri precisou renunciar ao mandato para assumir o comando de Itaipu. A renúncia foi lida no plenário da Câmara nesta terça-feira (14). Seu substituto na Casa será o ex-deputado estadual Elton Welter (PT).

Na Itaipu, Verri entra no lugar do almirante Anatalicio Risden Junior, que estava no cargo desde fevereiro de 2022 e foi também diretor financeiro executivo da binacional. Durante seu discurso nesta quinta-feira (16), Verri elogiou o almirante, que "conduziu a transição de maneira elegante".

Nascido em Maringá, sua principal base eleitoral, Enio Verri, 61, é economista e professor aposentado do Departamento de Economia da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Já foi secretário municipal na prefeitura de Maringá e secretário estadual no governo do Paraná, na gestão de Roberto Requião. Também já exerceu mandatos como deputado estadual e federal.

Esta foi a primeira passagem por Lula no Paraná desde o início do seu terceiro mandato no Planalto. Lula havia passado pelo estado em setembro, durante campanha eleitoral à presidência. Ele fez um comício em Curitiba, ao lado do ex-senador Roberto Requião (PT), então candidato a governador.

Após ser derrotado nas urnas por Ratinho Junior, Requião foi sondado pela presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), para assumir uma cadeira de conselheiro da Itaipu, mas recusou, e disse que estava ofendido com a oferta.

"Uma sinecura dourada não é o objetivo de uma vida inteira de dedicação ao interesse público. O que eu iria fazer, me reunindo de 60 em 60 dias com 12 pessoas?", declarou à coluna Mônica Bergamo, no início de janeiro.

Além de Verri, outro ex-secretário de Requião deve integrar a diretoria da Itaipu. O advogado Luiz Fernando Delazari vai para a Diretoria Jurídica. O também advogado Carlos Carboni deve ficar com a Diretoria de Coordenação.

Carboni é ligado a movimentos de agricultura familiar e é ex-chefe de gabinete de Gleisi Hoffmann quando ministra da Casa Civil. Outros nomes ainda devem ser anunciados para as diretorias da hidrelétrica.