A previsão de uma nova onda de frio intenso nesta semana ameaça tanto plantações quanto o bolso de consumidores no país. É que a temperatura em queda livre, acompanhada de geada, pode causar estragos no campo e, assim, tende a pressionar preços de produtos cultivados no Paraná.

Imagem ilustrativa da imagem Nova onda de frio ameaça milho e quebra de safra pode chegar a 50%
| Foto: Gustavo Carneiro

A Metsul Meteorologia informou nesta segunda (26) que o ar polar começa a ingressar no Rio Grande do Sul nesta terça (27) e deve atingir o Centro-Oeste e o Sudeste nesta quarta (28). Conforme a previsão, a bolha de ar gelado será responsável por "acentuado resfriamento em diversos estados".

No Paraná, as lavouras de milho, já impactadas pelas geadas do último mês, podem sofrer mais com a nova frente fria, reduzindo a expectativa de colheita em até metade no estado. Como o plantio da cultura já ocorreu com atraso diante da falta de chuva e do retardamento na produção anterior, de soja, o prejuízo deve pesar no bolso do produtor.

"Os preços otimistas do milho fizeram com que o produtor arriscasse, aumentando as áreas de plantio em 7% no estado, mas parte não conseguiu cobertura de seguro, já que estava fora do calendário. E, agora, além da escassez hídrica e de pragas, temos a geada para atravessar", aponta Salatiel Turra, chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná.

Assim, a estimativa de colheita de 14 milhões de toneladas do grão deve ser reduzida para até 7 milhões. O impacto na safra também deve chegar ao consumidor, já que o milho paranaense é destinado principalmente para consumo interno e alimento para animais.

Na região de Londrina, que abrange 19 municípios, a área de cultivo do milho segunda safra estava estimado em 225 mil hectares, afirma William Arc Meneghel, economista do Deral Londrina. A estimativa de produção inicial era de 1.271.250 toneladas, com valor bruto de R$ 2.033.918.640, ao preço de R$ 96 a saca de 60 Kg (cotação desta última terça-feira).

Com a ocorrência da seca e das geadas entre 29 e 30 de junho e 18 e 19 de julho, a perspectiva é que a produção caia para 635.625 toneladas, gerando o valor bruto de R$ 1.016.959.320. "Ou seja, uma quebra estimada de 50% da produtividade e consequentemente da produção regional como um todo", destaca o economista. No entanto, ele ressalta que este é um índice "conservador". "Existem municípios com números mais negativos."

O aumento dos preços, que já é percebido na cotação desta terça-feira, de R$ 96 , também deverá chegar a outros produtos como o leite, derivados de leite, ovos e carnes como frango e suíno, lembra Meneghel, já que o milho serve como base para a alimentação animal. Em junho, a média nominal do milho recebido pelos produtores foi de R$ 78,82 no Paraná.

O prejuízo atinge também outros setores da economia, como comércio e serviços, ele salienta. "Esses R$ 1.016.959.320,00 não irão circular em nossa região. Prejuízo para o comércio e serviços a nível de região, e Londrina por ser uma cidade polo deve sofrer com essa quebra também."(com Folhapress)