Prefeitura de Cornélio tenta reativar frigorífico de peixes que está sem abates desde 2015, cooperativas e empresas privadas demonstraram interesse pelo negócio
Prefeitura de Cornélio tenta reativar frigorífico de peixes que está sem abates desde 2015, cooperativas e empresas privadas demonstraram interesse pelo negócio | Foto: Prefeitura de Cornélio Procópio/Divulgação

Ter um frigorífico de peixes em atividade para fomentar a economia regional é uma luta que Cornélio Procópio e Santo Antônio da Platina estão dispostas a encarar. As duas cidades do Norte Pioneiro buscam, de formas diferentes, garantir o funcionamento de indústrias que sirvam de destino para a produção de tilápias de pequenos e médios produtores.

A iniciativa se repete em outras cidades do Norte do Paraná. Conforme publicado na edição da FOLHA de terça-feira (15), Alvorada do Sul pretende inaugurar um frigorífico de peixes até janeiro de 2020, depois de fazer toda a construção com recursos públicos e conceder o local à iniciativa privada. Pinhalão, no Norte Pioneiro, lançou a pedra fundamental de sua indústria em 2012, teve a obra embargada e ainda não a concluiu.

Em Cornélio, o projeto vem desde 2005. Por meio de convênios com o Ministério da Pesca, que hoje virou uma secretaria dentro da pasta do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o município começou a construção de uma planta com capacidade de 20 toneladas de peixe vivo ao dia. Porém, o secretário municipal da Agricultura, Cristiano Leite Ribeiro, diz que a associação que assumiu o local não conseguiu fazer o negócio decolar, por falta de recursos. “Vamos continuar a fazer o possível, porque acreditamos que o novo boom econômico da região vai vir do peixe, como foi com o frango há 20 anos”, diz.

Ribeiro conta que o último abate no frigorífico de peixes de Cornélio foi em 2015. Desde então, a prefeitura tenta desfazer o convênio assinado com o governo federal, que garantiu todos os equipamentos do local, para abrir uma nova concorrência para cooperativas e empresas privadas que têm interesse no negócio. “Infelizmente, nunca conseguiram passar de 2 toneladas ao dia e precisamos desenrolar esse convênio.”

A Superintendência Federal da Agricultura no Paraná, que representa o Mapa, tem auxiliado no processo. O secretário de Cornélio diz que há duas cooperativas que trabalham com filetagem de tilápia e uma que quer entrar no negócio interessadas. “O elo principal é a falta de indústrias. O produtor do Norte Pioneiro tem muitas estruturas de produção paradas ou abaixo do potencial, mas falta liquidez para a produção, que só um frigorífico pode dar”, cita Ribeiro.

INICIATIVA E CAUTELA

Já em Santo Antônio da Platina, o ex-piscicultor Aparecido Sabino montou em 2016 o frigorífico Amigos do Peixe depois de se aposentar, como um negócio familiar, com a mulher Alaíde e os filhos. Ele conseguiu rapidamente o registro pelo SIM (Serviço de Inspeção Municipal), feito pela vigilância sanitária local.

Assim, os filés que ele produzia somente podiam circular dentro do município e eram vendidos a comércios, pesque-pagues e restaurantes, além da merenda escolar. A Prefeitura de Santo Antônio da Platina buscou então a equivalência do registro SIM ao Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), obtida oficialmente na última quinta-feira (10) e que permite o frigorífico de Sabino a comercialização em todo o território nacional.

O médico veterinário responsável pela inspeção na cidade, Emerson Lopes Martins, afirma que somente Cascavel tem a equivalência entre SIM e Sisbi. “Isso permitirá que ele amplie a capacidade, porque hoje abate cerca de 500 kg por semana e isso em um dia de trabalho”, diz.

Martins conta que a vigilância na cidade passa a ser auditada e atende as mesmas exigências feitas pela Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) ou pelo Mapa. “Todos os que conseguiram o SIM aqui podem pedir o Sisbi.”

Sabino afirma que tem estrutura para abater 3 t ao dia de peixe vivo, mas que vai adotar cautela antes de ampliar o negócio. Ele recebe hoje as tilápias de uma propriedade em Itambaracá, mas outros produtores da região já o procuram em busca de negócios. “Tenho receio de falar para o pessoal investir, porque o País está muito complicado. Temos muitos casos de inadimplência por aí, mas se melhorar, no que eu puder, vou ajudar outros produtores”, diz.

O empresário diz que passou momentos de nervosismo excessivo nos últimos anos, mas que acredita que o negócio vai deslanchar e pretende criar uma equipe de vendas. “Estamos em contato com o Sebrae para uma consultoria técnica e comercial, porque sou produtor rural e meu negócio é fazer.”

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Pinhalão, para questionar sobre a situação das obras paralisadas do frigorífico de peixes local, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.