No Brasil, a decisão não deve ter impacto
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quinta-feira, 03 de fevereiro de 2000
Agência Folha
De São Paulo
O mercado financeiro brasileiro não deverá ser abalado pela nova taxa de juros norte-americana. O aumento de 0,25 ponto percentual dos juros nos Estados Unidos já havia sido absorvido nas duas últimas semanas. As aplicações em renda fixa e em ações não sofrerão mudanças, avaliam os analistas. As Bolsas reagiram bem à decisão do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), e o cenário econômico deve permanecer positivo, disse Carlos Mendes, diretor de investimentos da Linear. Para o analista de renda fixa da Pictet Modal, Luis Otávio de Souza Leal, os investimentos no País não sofrerão alterações em decorrência da alta do custo do dinheiro nos EUA.
O resultado já estava no preço. Boa parte da queda da Bolsa no começo do ano refletiu essa perspectiva de alta de juros lá fora, afirmou. Para Leal, o aumento dos juros não deverá influenciar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre os juros domésticos. A tendência de queda dos juros no Brasil deve prosseguir, apesar de o presidente do Fed, Alan Greenspan, ter demonstrado preocupação com a pressão inflacionária nos EUA, que pode se traduzir em novos aumentos de taxas. Para Eduardo Oliveira, diretor de renda fixa do Deutsche Bank, o discurso de Greenspan não assustou o mercado.
O discurso do Fed correspondeu às expectativas dos analistas. Ele reafirmou que, à medida que perceber que os preços começarem a subir, vai mexer nos juros novamente, disse. Oliveira observou que, se a taxa de juros norte-americana tivesse apresentado alta superior a 0,25 ponto percentual, iria ocorrer pressão para aumento de juros no Brasil.