Permanecem estancadas em Buenos Aires as conversações sobre as restrições sanitárias argentinas às importações de frangos brasileiros. A crise dos frangos, que vem se arrastando de forma intermitente entre os dois países há três anos, foi retomada na sexta-feira passada, quando o servico sanitário de alimentos da Argentina, o Senasa, determinou unilateralmente que no Brasil existe a doença de Newcastle, que é fatal para estas aves. Por esse motivo, emitiu uma resolução na qual os carregamentos de frangos provenientes do Brasil terão que passar por um rígido controle sanitário, o que tornará mais lenta e burocratizada a entrada dessas aves na Argentina. O Brasil sustenta que a doença foi erradicada há anos.
O otimismo do dia anterior foi trocado por expressões de desânimo nos rostos das duas equipes. Ao longo do dia de ontem, os representantes dos dois governos não conseguiram chegar a acordo algum.
Segundo a resolução do Senasa, a medida que restringe a entrada de frangos começaria a vigorar a partir de hoje. No entanto, em um diplomático ataque de amnésia, o secretário da Agricultura da Argentina, Antonio Berhongaray, declarou que a medida ‘‘só entra em vigor a partir do dia 3 de março’’.
O secretário Berhongaray afirmou que uma equipe de técnicos argentinos poderia ir ao Brasil em breve para analisar in loco a hipotética existência da doença. A seu lado, para reforçar a idéia de que não existe a doença no Brasil, o ministro da Agricultura Pratini de Moraes declarou que em maio a Organização Internacional de Epizootias (OIE) declarará o País como ‘‘livre da doença de Newcastle’’.
Além disso, Pratini de Moraes e Berhongaray declararam que já haviam começado a redação do marco do acordo sanitário geral anunciado no dia anterior, e que estaria pronto em 30 dias.
Ao contrário da maioria dos empresários deste país, a Câmara de Comércio da Argentina (CAC) está pedindo o fim das medidas protecionistas tomadas a favor da Argentina. Segundo o presidente da CAC, Jorge Di Fiori, estas medidas ‘‘atrapalham o livre comércio da região’’.