Rio de Janeiro - Após novas reclamações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre os elevados lucros da Petrobras, o presidente da estatal, José Mauro Coelho, voltou a defender nesta sexta-feira (6) a política de preços dos combustíveis da companhia.

Rio de Janeiro - Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro - Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil) | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

"Não podemos nos desviar da prática de preços de mercado, condição necessária para a geração de riqueza não só para a companhia mas para toda a sociedade brasileira, fundamental para atrair investimentos para o país e para garantir o suprimento de derivados que o Brasil precisa importar", disse.

A declaração foi dada em discurso de abertura de teleconferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022, que motivou anúncio de distribuição de R$ 48,5 bilhões em dividendos aos acionistas.

Pouco antes da divulgação do resultado, Bolsonaro disse em sua live semanal que os elevados lucros da Petrobras são um "estupro", um "absurdo" e que um novo reajuste nos preços pode quebrar o país.

"A gente apela para a Petrobras: 'não reajuste o preço dos combustíveis'. Vocês estão tendo um lucro absurdo. Se continuar tendo lucro dessa forma e aumentando o preço dos combustíveis, vai quebrar o Brasil", disse o presidente.

Os elevados lucros da estatal são alvo de críticas tanto no governo quanto na oposição, diante da alta dos preços dos combustíveis no país. Empresas de transporte público, por sua vez, divulgaram nota ameaçando tirar ônibus de circulação fora dos horários de pico no caso de uma nova alta do diesel.

A Petrobras, porém, também é alvo de postos e importadores, que reclamam da falta de reajustes e consequente defasagem em relação aos preços internacionais. Esse cenário estaria provocando um "racionamento seletivo", ao prejudicar empresas de menor porte, incapacitadas de importar.

A preocupação com o abastecimento é um dos argumentos que vem sendo repetido por Coelho em defesa da política de preços. Nesta sexta, ele voltou a lembrar que o Brasil depende de diesel e gasolina importados. Coelho foi indicado pelo governo para substituir o general Joaquim Silva e Luna, demitido após os mega-aumentos de preços anunciados em março para acompanhar a escalada do petróleo após o início da Guerra na Ucrânia. Mas logo na sua posse defendeu a prática de preços internacionais.

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