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Economia 5m de leitura

Na contramão do mercado, indústria criativa contrata mais na pandemia

Conforme levantamento da Firjan, número de vínculos empregatícios na área subiu de 919 mil em 2019 para 935,3 mil em 2020

ATUALIZAÇÃO
05 de julho de 2022

Folhapress
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Rio de Janeiro - O emprego formal na chamada indústria criativa teve desempenho positivo no Brasil em 2020 graças a atividades como publicidade, marketing e tecnologia, que amenizaram as perdas econômicas do primeiro ano da pandemia. É o que indica um estudo divulgado nesta terça-feira (5) pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

 

Conforme o levantamento, o número de vínculos empregatícios na indústria criativa subiu de 919 mil em 2019 para 935,3 mil em 2020. O resultado representa uma alta de 1,8% (ou 16,3 mil novas vagas).

No mesmo intervalo, o total de empregos no mercado de trabalho formal do país teve baixa de 1%, diz a pesquisa. A quantidade de postos recuou de 46,7 milhões em 2019 para 46,2 milhões em 2020 -menos 480,3 mil.

"Esses números reforçam, mais uma vez, a resiliência da indústria criativa (mesmo que não impliquem, em termos absolutos, uma performance excepcional) e o seu potencial estratégico como geradora de trabalho e desenvolvimento para uma recuperação do mercado de trabalho brasileiro no pós-Covid", aponta a pesquisa.

Segundo a Firjan, o estudo, batizado como Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, utiliza dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho e Previdência. É a sétima edição do levantamento.

Na avaliação da entidade, o desempenho do emprego criativo refletiu mudanças na demanda por bens e serviços causadas pela pandemia.

Nesse contexto, atividades que foram estimuladas pelo isolamento social e pela digitalização conseguiram crescer no mercado de trabalho.

Aquelas mais dependentes da circulação de consumidores e do contato direto com o público, por outro lado, amargaram perda de mão de obra.

Essas diferenças podem ser percebidas dentro das quatro grandes áreas que compõem a indústria criativa, segundo o estudo da Firjan.

São as seguintes: consumo (design, arquitetura, moda e publicidade e marketing), cultura (patrimônio e artes, música, artes cênicas e expressões culturais), mídia (editorial e audiovisual) e tecnologia (pesquisa e desenvolvimento, biotecnologia e tecnologia da informação e comunicação).

Em consumo, o número de empregos passou de 419,9 mil em 2019 para 439,5 mil em 2020, uma alta de 4,7% (19,6 mil vagas a mais). É o maior crescimento entre as áreas contempladas pela pesquisa.

Dentro de consumo, o principal impulso veio de publicidade e marketing. O segmento abriu 24 mil postos de 2019 para 2020.

Moda, por outro lado, foi o destaque negativo em consumo. O segmento teve perda de 4.337 postos no ano inicial da pandemia.

A área identificada como tecnologia, por sua vez, registrou crescimento de 3,6% no número de empregos. A quantidade de vínculos passou de 338,1 mil para 350,3 mil -acréscimo de 12,3 mil.

Dentro de tecnologia, o segmento de TIC (tecnologia da informação e comunicação) registrou aumento de 8.568 vagas, e o de biotecnologia teve abertura de 3.164.

Pesquisa e desenvolvimento, o outro ramo que integra essa categoria, gerou 545 postos.

Na área de cultura, mais dependente da movimentação de consumidores, houve perda de 8.257 vínculos de 2019 para 2020. O número total recuou de 68,4 mil para 60,2 mil, baixa de 12,1%, a maior entre os grandes grupos da indústria criativa.

Os quatro segmentos que compõem cultura tiveram fechamento de vagas: patrimônio e artes (menos 2.406), expressões culturais (menos 2.337), artes cênicas (menos 1.922) e música (menos 1.592).

Mídia, a quarta área avaliada na indústria criativa, perdeu 7.284 empregos de 2019 para 2020. O número total recuou 7,9%, de 92,6 mil para 85,3 mil.

Os dois segmentos que integram mídia fecharam postos: editorial (menos 4.865) e audiovisual (2.419).

"Apesar da resiliência observada nos dados agregados, o impacto da pandemia de Covid-19 sobre as diversas áreas da indústria criativa foi bastante heterogêneo", afirma o estudo.

"Segmentos dedicados às artes (como espetáculos teatrais) e aqueles mais dependentes da interação física com o público (como, por exemplo, os ligados a bares e restaurantes) sofreram impactos consideráveis; por outro lado, áreas mais intensivas em tecnologia não foram tão afetadas e apresentaram, em alguns casos, avanços na comparação com 2019", completa.

Participação no PIB vai a 2,91% O estudo indica que os 935,3 mil profissionais criativos formalmente empregados em 2020 correspondiam a 70% de toda a mão de obra da indústria metalmecânica brasileira.

A nova edição da pesquisa também traz dados de 2017. Naquele ano, a indústria criativa somava 837,2 mil trabalhadores no Brasil. Ou seja, o total de vagas cresceu 11,7% em 2020, na comparação com 2017.

No ano inicial da pandemia, o PIB (Produto Interno Bruto) criativo recuou 0,8%, diz a Firjan. A baixa foi menos intensa do que a verificada na economia brasileira em termos gerais (-3,6%).

A participação da indústria criativa no PIB nacional chegou a 2,91% em 2020. É a maior fatia desde o início da série histórica disponível, com dados a partir de 2004.

Esse número também sugere que o setor criativo sentiu a crise em uma proporção menor do que outros ramos econômicos.

O PIB criativo somou R$ 217,4 bilhões em 2020. O valor, conforme o estudo, é comparável à produção da construção civil e superior à do setor extrativo mineral.

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