Agência Estado
De São Paulo
A indústria automobilística não vai mais investir no aumento da capacidade das fábricas instaladas no Brasil enquanto o mercado não voltar ao que era há três anos. Isto significa que as vendas precisam crescer em torno de 50%. A posição é unânime entre os dirigentes mundiais e locais de General Motors, Chrysler, Mercedes-Benz e Toyota, quatro grandes montadoras que ajudaram a engrossar os mais de US$ 20 bilhões que o setor investiu no País em pouco mais de dois anos ao apostar que os países emergentes poderiam responder pela expansão da demanda mundial.
‘‘É totalmente razoável que o mercado brasileiro volte aos níveis de 96 ou 97 para, a partir daí, crescer num ritmo de 5% a 10% ao ano’’, disse o presidente mundial da Chrysler, Robert Eaton. A Chrysler instalou uma fábrica de picapes em Campo Largo, no Paraná. E está perdendo dinheiro. ‘‘Se me disserem quando o mercado vai começar a reagir, eu respondo quando vamos começar a ganhar dinheiro no Brasil’’, destacou.
O presidente mundial da General Motors, Rick Wagoner, está receoso do que vai acontecer quando a empresa inaugurar sua nova fábrica, em Gravataí, no Rio Grande do Sul, em junho próximo. Os planos iniciais da maior montadora do mundo era fazer em Gravataí – onde foram investidos US$ 1,2 bilhão – uma oportunidade para expandir a participação no segmento de carros populares. Mas agora, segundo Wagoner, tudo depende do que vai acontecer no segmento de mercado que a empresa pretende enfocar. ‘‘O mercado é crítico e determinante para nós’’, disse.
‘‘Não vamos mais investir no aumento da capacidade’’, destacou o presidente da GM no Brasil, Frederick Henderson. Segundo ele, os recursos agora serão voltados para desenvolvimento de produto, redução de custos e principalmente aumento de produtividade. ‘‘Não vamos parar de investir; mas mudar o direcionamento dos recursos’’, explicou. Segundo ele, a GM reduziu os custos no Brasil em 20% entre 1997 e 1999.
Quando decidiram ampliar a capacidade de produção no Brasil, os dirigentes das montadoras acreditavam que o mercado passaria de 2 milhões de veículos por ano em 2000. As apostas oscilavam entre 2,3 milhões e 2,5 milhões. Agora, o chefe de operações da Daimler Chrysler na América Latina, Ben van Schaik, prevê que não se pode esperar chegar a 2 milhões antes de 2006. ‘‘As vendas de 1997 (quando o mercado passou de 1,9 milhão de unidades) não podem ser recuperadas em um ano’’, disse.
Se a fábrica do Mercedes Classe A, em Juiz de Fora, Minas Gerais, operasse a plena capacidade em rodízio de três turnos estaria produzindo 70 mil veículos por ano. Mas este ano não vão sair mais do que 25 mil unidades da planta de Juiz de Fora, onde foram gastos mais de US$ 600 milhões. ‘‘O que podemos fazer? Não há como pedir o reembolso dos investimentos’’, destacou Schaik ao também confirmar a suspensão dos investimentos em produção.
A Toyota acaba de adiar mais uma vez o projeto de produzir carros pequenos no Brasil. A empresa começou timidamente as operações numa fábrica de automóveis em Indaiatuba, interior de São Paulo, onde produz um modelo médio, o Corolla. Segundo o gerente geral da divisão Américas, Hiroyuki Okabe, a empresa ainda não desistiu. E pensa em fabricar ali um modelo da sua coligada Daihatsu. Mas vai esperar a estabilidade .

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