Montadoras abrem guerra pelo mercado
PUBLICAÇÃO
domingo, 26 de outubro de 1997
Agência Estado Tóquio, Japão
Os países de mercados emergentes, como o Brasil, vão se transformar no novo palco de batalha entre os fabricantes de carros. E ainda: como os maiores mercados do mundo estão estagnados, as montadoras terão de aperfeiçoar formas de lançar veículos mais interessantes a preços mais baixos se não quiserem perder participação nos seus países de origem. O diretor geral da divisão Américas da Toyota, Hiroyuki Okabe, prevê que este ano serão vendidos no Japão 5 milhões de automóveis de passeio, 30% menos do que no princípio da década.
Pressionado pelo déficit interno, em abril passado o governo japonês elevou o imposto de consumo de 3% para 5%. A reação, com queda de consumo foi imediata, refletindo-se também no mercado automobilístico. A venda de veículos vêm caindo nos últimos seis meses. De abril a setembro foram vendidos no mercado japonês 300 mil veículos menos do que a indústria esperava.
Não vejo saída no mercado do Japão, destacou Okabe, que há três meses deixou a superintendência da Toyota do Brasil para coordenar, na matriz da companhia, as operações das Américas. O mercado japonês está achatado, concordou o vice-presidente das operações de carros pequenos da General Motors Corporation, Mark Hogan, que há poucos meses também deixou o Brasil, onde ocupava a presidência da General Motors.
Tanto Okabe quanto Hogan conhecem bem o potencial do Brasil e outros países emergentes. E é exatamente para estas regiões que empresas como a Toyota - a terceira do mundo -, a General Motors - a maior - Ford - a segunda no ranking - e outras vão se voltar nos próximos anos.
A ação da indústria automobilística para não diminuir produção mundial nem perder participação no ranking do planeta se concentra em duas frentes: ampliar a produção nas subsidiárias dos países emergentes, instalando novas fábricas onde ainda não há, e ainda aumentar a exportação dos veículos feitos nos países de origem.
Todas as montadoras japonesas elevaram a exportação nos últimos meses. A Toyota, a maior no Japão, aumentou a exportação em 14,8% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado. A Nissan, que detém o segundo lugar no mercado japonês, fez suas vendas externas crescerem ainda mais, num total de 26,3%. A Mitsubishi foi ainda mais longe, elevando as vendas a outros países em 34% no mês passado.
A produção das companhias fora de seus países de origem também tem ganho força. A Ford vai começar a produzir van na China no final do ano. A Chrysler também quer dobrar a produção nos países emergentes da Asia. A Toyota produziu fora do Japão no ano passado 1,346 milhão de veículos. Em 1990 foram 678 mil. Por outro lado, suas vendas no Japão, que eram de 2,504 milhões em 90, caíram para 2,135 milhões em 96.