A Justiça concedeu a auto-falência para o Moinho Graciosa, sediado em Curitiba, que tem um passivo de R$ 10 milhões com instituições financeiras e fornecedores. A sentença vai permitir a manutenção das atividades e garantir o emprego de 284 pessoas. A decisão é do juiz Alexandre Barbosa Fabiani, da 3ª Vara de Fazenda de Curitiba, que já nomeou como síndico da massa falida Rui Portugal Bacellar - que por sua vez já nomeou o admistrador que irá conduzir a administração do moinho daqui para frente. A diretoria antiga, presidida por Fred Robert Chao, foi afastada.
O moinho Graciosa não suportou a pressão dos credores, que vinham insistindo ‘‘ violentamente’’ no pagamento dos débitos, e decidiu recorrer à Justiça, que agora vai determinar o pagamento igualitário a todos os credores, disse o advogado Julio Assis Gehlen. Segundo ele, não houve má fé no processo. ‘‘Pelo contrário, o moinho também é vítima da situação econômica atual onde os altos juros impedem a atividade empresarial de forma honesta’’. Gehlen acrescentou que a empresa tem créditos no valor de R$ 3 milhões, junto a panificadoras e pequenos supermercados, que também não consegue receber em função da inadimpência. Além disso, foi vítima da concorrência predatória da farinha importada da Argentina, que reduziu os preços da farinha de trigo em 40%, principal produto do moinho.
Os maiores débitos da empresa são com o Bradesco, cuja dívida atinge em torno de R$ 5 milhões, e mais R$ 1 milhão com o Banco Itaú. Segundo o advogado, não há débitos trabalhistas. Ele informa que hoje está sendo pago 50% do salário dos funcionários referente ao mês de junho, que ficaram atrasados três dias. ‘‘A empresa está fazendo um esforço enorme para manutenção dos empregos e dos salários’’, garantiu.
A empresa saiu de uma concordata, decretada em agosto de 1995, cujo passivo na época também era de R$ 10 milhões. As dívidas com os fornecedores foram pagas, sendo que os débitos com os bancos foram renegociados.
O moinho Graciosa é uma empresa de porte médio e a sexta no ranking do Paraná. Instalado há quase 50 anos no ramo da industrialização do trigo e outros cereais, o Graciosa também fabricava massas e biscoitos. Tem uma capacidade para fabricação de 6.000 toneladas de produtos por mês e fatura cerca de R$ 2,8 milhões mensais. O patrimônio está avaliado em R$ 10 milhões entre o valor da máquina, a unidade industrial e o imóvel. Gehlen reconhece que o moinho não tem instalações modernas, mas garantiu que em três ou quatro anos a empresa estará reestruturada.