Enquanto a Prefeitura de Londrina tenta viabilizar a Sercomtel por meio de investimentos da Copel, um grupo de acionistas se organiza para investir na telefônica. Eles são representados por Marcelo Kneese, da TGX Capital – boutique de investimentos de São Paulo.
Além da Copel, a Sercomtel tem como sócio o Itaú Leasing e outros investidores minoritários, incluindo ex-proprietários de linhas telefônicas. Entre essas ações, 54, ou 0,0002%, são ordinárias, ou seja dão direito a voto.
Em entrevista à FOLHA, Kneese afirma que comprou 20 dessas ações recentemente. E já se reuniu com lideranças da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e SRP (Sociedade Rural do Paraná) para apresentar o interesse dos minoritários em investir na empresa.
Ele não revela quem está representando, além de si próprio. Diz apenas que não são pessoas vinculadas ao setor de telecomunicações. Kneese afirma acreditar na viabilidade da Sercomtel "dentro de um sistema privado", no qual a empresa possa "operar muito mais eficientemente". Esse sistema, alega o investidor, não exclui a participação da prefeitura nem da Copel no negócio.
Kneese critica o fato de o Executivo ainda não ter enviado um projeto à Câmara Municipal para derrubar a lei do plebiscito. E afirma que o prefeito Marcelo Belinati (PP) pode ser responsabilizado pelo Ministério Público por "falta de atitude". "Essa lei é imbecil", diz ele referindo-se à necessidade de consulta popular para autorizar a perda do controle acionário da Sercomtel pelo Município. "O prefeito não quer perder o controle de uma maneira nada lógica. Está se deparando com um buraco financeiro enorme", afirma. Ele diz que o prejuízo recairá sobre os sócios, caso a Sercomtel seja fechada por determinação da Anatel.

OUTRO LADO
O prefeito Marcelo Belinati afirma que não conhece Kneese e não sabe quem ele representa. "O que ele está propondo tem nome e é privatização . É o fim da garantia que a empresa e os empregos continuarão em Londrina", afirma.
De acordo com Belinati, a venda da telefônica para a iniciativa privada não pode ser descartada, mas ele prefere apostar na parceria com a Copel.
Sobre a possibilidade de ser responsabilizado por não ter tentado acabar com a lei do plebiscito, o prefeito afirma que "está defendendo os interesses da cidade". E que a negociação que está sendo feita com a companhia estadual têm várias "medidas e etapas", nas quais poderão ser incluído um projeto de lei que dispense a prefeitura de fazer consulta popular para vender ações da Sercomtel.

RESPOSTA DA EMPRESA
Questionada sobre quem são seus acionistas minoritários, a Sercomtel disse, por meio da assessoria, que não pode repassar a informação. A reportagem também perguntou como se compra ações da empresa e quais delas estão disponíveis. "A Sercomtel é uma empresa de capital fechado, portanto não dispõe de mecanismo para oferta de ações no mercado. A transação pode ocorrer, se for o caso, entre os próprios acionistas. É possível também a comercialização de ações para terceiros, caso seja do interesse do acionista", disse a assessoria por meio de nota enviada à FOLHA. (N.B.)