A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse na terça-feira (12) que é contra a Moratória da Soja, política adotada por exportadores de grãos que veta a compra de grãos de áreas desmatadas após 2008, no bioma da Amazônia. Porém, pediu cautela porque entende que o País precisa demonstrar, com dados, qualquer narrativa que ameace os negócios no exterior. A declaração foi na abertura do Agrobit 2019, considerado o maior evento de tecnologia voltado ao agronegócio nacional, no Parque Ney Braga, em Londrina.

Imagem ilustrativa da imagem Ministra é contra moratória da soja e pede cautela no debate
| Foto: Gina Mardones/Grupo Folha

A moratória é um pacto ambiental, assinado entre tradings de soja e entidades de defesa do meio ambiente, assinada em 2006 e que impede as indústrias de comprar o grão de áreas desmatadas após 2008, dentro do bioma da Amazônia. A questão opõe as entidades de produtores e as que representam as principais processadoras e tradings, em momento que os olhos do mundo, principalmente da Europa, estão voltados para as queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste brasileiras.

A definição das áreas de moratória é feita via imagens de satélite. A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) informou na última segunda-feira (11) que se opõe ao fim da política. Representantes da entidade afirmaram que podem rever a questão desde que governo e produtores se juntem à negociação com compradores.

Um grupo de agricultores da região contesta o embargo e disse que buscaria o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Entre outras justificativas, foi citado que o Código Florestal brasileiro prevê o uso de até 20% de áreas amazônicas para atividades agrícolas.

A ministra afirmou que o momento é de cautela e que o Brasil tem de mostrar que é sustentável “em tudo o que faz”. “Essa narrativa tem de estar para o mundo, então temos de mostrar dados. Sempre fui contra essa moratória, mas temos de ter.”

Tereza Cristina disse que o ministério prepara uma apresentação importante para o COP-25 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019), para reduzir eventuais preconceitos ao agronegócio brasileiro. Originalmente, o evento seria no Brasil, mas Bolsonaro retirou a proposta para sediar o evento em novembro do ano passado, logo após ser eleito, ao citar "restrições físicas e orçamentárias". A conferência foi então transferida ao Chile, mas os protestos que abalam o país há mais de três semanas levaram o governo local a também recuar, por questão de segurança. Madri, na Espanha, receberá o COP, entre 2 e 13 de dezembro.

Expectativa é reverter veto à carne bovina nos EUA

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse, em Londrina, que usará a ciência e os dados para reverter o embargo dos Estados Unidos à carne bovina brasileira. O veto vem desde 2017 e o governo federal esperava a liberação no início deste mês, após o próprio presidente Jair Bolsonaro abdicar em março de benefícios em negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio), em visita ao presidente Donald Trump.

Porém, o acordo acabou frustrado mesmo após inspeção sanitária dos EUA, que cobrou novas informações. O país norte-americano é grande produtor, mas também têm demanda elevada por carne bovina. Outra questão é que a abertura de mercado serve como referência para outros países com barreiras sanitárias elevadas.

“É uma coisa técnica. Vou para lá no sábado [16] e não existe isso de ter de ‘reverter’. Todos os países, os consumidores e os compradores são soberanos e os Estados Unidos estão pedindo mais informações, que vamos dar”, citou Cristina.

A ministra informou que tem conseguido a habilitação de novas plantas exportadoras no Brasil. “Hoje [terça, 12] foram 13 para a China, ontem [segunda, 11] abrimos oito para a Arábia Saudita e todos os dias esse setor vem ganhando mercado internacional.”

Mapa confirma 13 frigoríficos que poderão exportar à China

O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) confirmou na terça-feira (12) a lista completa dos 13 frigoríficos brasileiros habilitados para exportar carne à China, dos quais um no Paraná. A ministra Tereza Cristina havia anunciado a liberação antes de viajar a Londrina, via Twitter.

São cinco unidades de suínos, cinco de bovinos e três de aves. A JBS, incluindo a controlada Seara, tem quatro unidades autorizadas. A Marfrig teve duas plantas aprovadas e a BRF teve uma.

Seis estão localizadas no Rio Grande do Sul, duas em São Paulo, duas em Mato Grosso, uma em Mato Grosso do Sul, uma no Paraná e uma em Goiás. A paranaense é a Unita Cooperativa Central, de Ubiratã. (Com Isadora Duarte, Nayara Figueiredo e Augusto Decker - Agência Estado)