SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com mais de US$ 210 milhões (R$ 1,12 bi) investidos em startups, novembro teve a pior movimentação de venture capital dos últimos dois anos para o mês. Ainda assim, 2020 tem mostrado resultados impressionantes no setor e já supera o montante aportado no mesmo período em 2019.

Venture capital é uma modalidade de investimento realizada em empresas em um estágio inicial de maturação e com grande potencial de crescimento. São considerados investimentos de risco, mas que trazem bastante retorno e são fundamentais para o desenvolvimento de startups.

No Brasil, um dos maiores responsáveis por investimentos do tipo é o grupo japonês SoftBank, que no último mês liderou um aporte de US$ 57,6 milhões (R$ 308,51 milhões) para a retailtech Olist, em uma rodada série D. A startup ajuda vendedores a adquirirem visibilidade em marketplaces e esse é o segundo aporte que recebe do fundo. O dinheiro captado deve ser utilizado para acelerar seu crescimento.

Outro grande investimento realizado em novembro deste ano foi o de US$ 102 milhões (R$ 546 mi) feito à fintech Neologia, pelos fundos Crescera e Vulcan Capital. A Neologia oferece uma ferramenta de negociação e análise técnica para o mercado financeiro.

Segundo o levantamento Inside Venture Capital Brasil, realizado pelo Distrito Dataminer, foram feitos ao todo 35 rodadas de investimentos no último mês. Em 2019, foram 39 rodadas, e um total de US$ 355 milhões (R$ 1,9 bi) investidos. No ano anterior, US$ 584 milhões (R$ 3,12 bilhões) aportados em apenas 23 rodadas.

Para Eduardo Fuentes, analista de investimentos do Distrito Dataminer, apesar de o volume investido estar abaixo do ano anterior, representa um montante interessante para o mercado. "Acreditamos que essa diferença seja uma questão de timing", diz.

"Outubro e setembro foram meses extremamente movimentados, com rodadas bastante elevadas, que acabaram concentrando investimentos e fizeram com que novembro tivesse um movimento menor."

O acumulado do ano soma US$ 2,88 bilhões (R$ 15,43 bilhões) investidos ao longo de 426 rodadas. O montante é superior ao realizado no mesmo período de 2019, quando US$ 2,78 bilhões (R$ 14,89 bi) foram investidos em 356 rodadas.

Em números de aportes, 2020 já superou 2019, faltando um mês para o ano acabar: Ao todo, no ano passado, foram feitos 397 rodadas de investimentos, o que totalizou US$ 2,96 bilhões (R$ 15,85 bi) investidos. A expectativa é que 2020 supere também esse valor, chegando a US$ 3 bilhões (R$ 16 bi) investidos por fundos de venture capital.

Fuentes atribui o bom desempenho do ano, em parte, as demandas criadas durante a pandemia, e que aceleraram processos tecnológicos.

"Acho que isso se deve muito ao fato de que grandes empresas entenderam que não dá para oferecer bons serviços sem oferecer tecnologia, e startups se beneficiaram dessa percepção", diz.

O ano também já bate recorde de fusões e aquisições: foram 143 em onze meses, mais do que o dobro das 63 de 2019.

"As grandes empresas entenderam que existem formas de modernizar produtos e serviços já prestados, e também perceberam o ganho que é trazer equipe de funcionários e colaboradores com expertise em tecnologia. Somada a essa percepção, tem o aspecto de que várias startups que não se planejaram para levantar recursos antes da pandemia, ficaram com caixa curto, o que favoreceu ainda mais as propostas e aquisições por parte das grandes empresas", conclui Fuentes.