Mercados autônomos entram em fase de consolidação
Empresários do setor veem grande potencial de expansão e projetam crescimento na casa dos três dígitos e faturamento milionário em 2022
PUBLICAÇÃO
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Empresários do setor veem grande potencial de expansão e projetam crescimento na casa dos três dígitos e faturamento milionário em 2022
Simoni Saris - Grupo Folha
Os mercados autônomos instalados dentro de condomínios e empresas começaram a surgir no país pouco antes da pandemia, ganharam força a partir de 2020 e agora passam pela fase de consolidação. Se havia dúvidas de que esse modelo de negócio resistiria ao fim das medidas de isolamento e restrições impostas pela Covid-19, empresários do setor enxergam ainda um grande potencial de expansão e projetam crescimento na casa dos três dígitos e faturamento milionário para este ano. A comodidade e a praticidade, apontam eles, continuam sendo os principais apelos para atrair os consumidores.

A londrinense Kiosky Smart Market abriu a primeira loja em 2020 e a empresa encerrou 2021 com 25 unidades. Neste ano, mais cinco minimercados já foram instalados e os planos de expansão são bem ambiciosos. “No começo, a gente tinha que correr muito atrás dos condomínios porque os síndicos não tinham ouvido falar. Hoje, são os condomínios que nos procuram”, contou o diretor de Expansão e Relacionamento, Giovanni Prata.
No ano passado, a empresa faturou R$ 1,8 milhão e a expectativa é fechar dezembro de 2022 com alta de 177% no faturamento, alcançando os R$ 5 milhões. O crescimento no faturamento será possível em razão da ampliação do número de pontos de venda, disse Prata. Por enquanto, a empresa se concentra apenas em Londrina e o principal foco são os condomínios horizontais e verticais na zona sul da cidade. “Estudamos muito a expansão fora, enxergamos várias oportunidades. Mas como a empresa anda 100% com recursos próprios, investir em outro local exigiria outro tipo de esforço. Decidimos, então, voltar a atenção para Londrina e melhorar cada vez mais onde já estamos, melhorar cada vez mais nosso serviço e logística.”
A aposta no bom atendimento como um diferencial da marca inclui visitas diárias às unidades, reposição constante de mercadorias, inclusive aos domingos e feriados, e um bom mix de produtos. “Consigo entregar isso porque todos os condomínios estão na mesma região. Nossos esforços são no sentido de melhorar as operações e a qualidade para garantir a expansão. A meta é chegar ao final de 2022 com 60 lojas”, projeta Prata. No radar da empresa estão não somente os condomínios residenciais, mas também as empresas. A carteira de clientes corporativos ainda é pequena, mas entre eles está uma das maiores construtoras da cidade. “A gente vislumbra academias, estacionamentos, uma série de coisas a serem exploradas, até lojas de rua.”
Com dois anos completados em fevereiro de 2022, a startup curitibana Market4u atua no modelo de franquias e atualmente está presente em 93 municípios brasileiros, em 20 estados, com 1.930 mercados autônomos instalados em condomínios residenciais e empresas. As operações se concentram em centros estratégicos e, além de Curitiba, há unidades operacionais em São Paulo, Brasília e Recife, somando cerca de 200 colaboradores, boa parte deles em contato direto e constante com os franqueados.
POTENCIAL
Em 2021, a startup registrou crescimento acima de 35% ao mês e a aposta é de uma expansão bastante significativa para este ano, de 500%, chegando a dez mil pontos de venda instalados até dezembro. “Na pandemia, em 2020, a gente tinha três unidades e chegamos a mil em um ano. Tivemos um crescimento exponencial e por isso a gente acredita que chegar a dez mil neste ano é possível”, disse o head de Comunicação da Market4u, Leonardo Portiolli. Um dos pontos em que se baseia a meta ousada da empresa é um mapeamento que apontou que entre 20% e 25% da população brasileira vive em condomínios.
“Ainda há muitos condomínios sendo construídos e o legal é que muitas construtoras já projetam espaços destinados a um minimercado. E o nosso diferencial é a rápida implementação. Em poucas semanas, conseguimos instalar uma loja em um condomínio, com gôndolas, freezers e geladeiras”, destacou Portiolli.
Para quem pensa que esse modelo de negócio não tem fôlego para avançar no período pós-pandemia, o head de Comunicação da Market4u lembra que com o afrouxar das restrições sanitárias, a empresa contabilizou um dos seus melhores períodos de faturamento. “As pessoas se acostumaram com a comodidade de ter um minimercado na porta de casa. Não é só pela segurança de evitar as aglomerações. Entregamos mais tempo à rotina das pessoas. Em cinco minutos é possível fazer uma compra. O minimercado funciona como uma despensa da casa”, comparou Portiolli. “A gente observa constantemente o perfil e o padrão de consumo para melhorar o serviço.”
“O que estamos vendo é que a pandemia está passando e os nossos números continuam aumentando. É uma questão de comodidade aliada à falta de tempo das pessoas. Esse sentimento de urgência impulsionou bastante o negócio, que está cada vez mais alinhado ao estilo de vida dos clientes”, disse Prata.
TECNOLOGIA
Também chamados de “honest markets” por confiarem na honestidade dos clientes em um sistema baseado no autoatendimento, a tecnologia é um pilar importante nesse formato de negócio. Além das câmeras de segurança, que estimulam os consumidores a agirem com lisura, todo o processo de compra é feito eletronicamente, sem a necessidade da presença de um funcionário na loja.

Giovanni Prata ressaltou que a Kiosky desenvolveu sua própria tecnologia de mercado autônomo, elaborada por um dos sócios, que é programador. É a tecnologia que garante a eficiência na logística, apontada por ele como um dos pontos fortes da empresa.
Gestor comercial e operacional da Market4u Pé Vermelho, que atende a Região Norte do Paraná, Alexandre Farina lembra que existe uma complexidade muito grande na operacionalização dos mercados autônomos. Não há atendentes nos pontos de venda, mas há muito investimento em pessoas e em tecnologia para gerir o negócio com qualidade. “Nós estamos evoluindo de uma maneira constante tanto nos recursos humanos como nos recursos tecnológicos, como inteligência artificial, inteligência de negócios, determinação do perfil do consumidor, operação de logística, compras e armazenagem. Tudo demanda muita inteligência para ter uma gestão que traga equilíbrio para a operação.”
Franqueado planeja chegar a 50 lojas no Norte do Paraná em 2022
Em pouco mais de um ano, a Market4u Pé Vermelho, responsável pela implementação dos minimercados da marca em Londrina, Cambé e Ibiporã, está perto de atingir a marca de 30 lojas na Região Norte do Estado. O gestor comercial e operacional da franquia, Alexandre Farina, contou que ele e o sócio utilizaram a experiência acumulada em anos de trabalho no setor de distribuição internacional de alimentos para expandir e diversificar a forma de atuação no mercado, aliada à tecnologia desenvolvida pela startup curitibana. “No começo da pandemia, identificamos uma tendência de mercado que vinha para ficar e buscamos nos aproximar do setor, identificar os principais players, com potencial de crescimento e expansão”, contou.
A maior parte dos pontos de venda sob o comando de Farina está em condomínios residenciais, dentre eles o segundo maior do Sul do Brasil a contar com uma unidade da Market4u, com 896 apartamentos, localizado na zona sul de Londrina. Mas o franqueado também atende empresas, com um minimercado montado dentro de uma das principais indústrias farmacêuticas do país, instalada em Cambé.
Com a rápida expansão, o grande potencial de mercado e uma boa carteira de clientes, Farina estabeleceu metas elevadas para 2022, com expectativa de dobrar o faturamento em relação ao ano passado e chegar a 50 unidades em operação. “O mercado tende a crescer, mas agora será um crescimento mais pé no chão. O momento atual do mercado é de maturação e o que estamos vendo é a saída de concorrentes que não conseguiram se manter no mercado e a substituição de soluções. Está passando por uma certa transformação.”
Na segunda fase desse modelo de negócio, a empresa começa a oferecer diferenciais para se sobressair no mercado. Conseguir melhores preços junto a fornecedores e disponibilizar nos pontos de venda produtos como pão fresco, carne resfriada e itens de farmácia são algumas inovações que devem ser implantadas pela marca. A startup também estuda constantemente formas de aprimorar e aumentar a oferta de serviços, como disponibilizar uma espécie de classificados dentro do aplicativo utilizado pelos clientes, onde são anunciados serviços e produtos produzidos pelos moradores dos condomínios. “A seção já está disponível e surgiu a partir da ideia de integrar toda uma cadeia da economia local”, explicou Farina, que contabiliza mais de 20 mil clientes em suas 30 lojas. No Brasil, a Market4u agrega 300 mil consumidores.
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