Será instalada nesta terça-feira, 9, no Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Mista em Defesa de Furnas, reunindo 402 deputados e 50 senadores de quase todos os partidos, com objetivo de intensificar o debate em torno de uma possível privatização da empresa, maior subsidiária da Eletrobras. Ainda sem modelo definido, o atual governo já deixou claro que pretende levar à frente o plano de capitalização da estatal, mas ainda não explicou como será feito esse processo. A expectativa é de que o modelo seja anunciado no final deste mês.

"A pretensão de venda de um patrimônio tão estratégico exige um intenso e aprofundado debate com toda a sociedade brasileira", informou em nota a Associação dos Empregados de Furnas (Asef), que na última sexta-feira promoveu um abraço simbólico ao prédio de Furnas, na zona sul do Rio, contra a saída de parte dos funcionários do local, o que seria o início de um desmantelamento da empresa.

A Asef vai aproveitar o lançamento da Frente para lembrar declarações do presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, quando ele se dizia contra a privatização do setor elétrico e, principalmente, de Furnas.

"Vamos fazer uma grande onda nas redes sociais espalhando vídeos do presidente durante sua campanha eleitoral", informou Felipe Araújo, diretor da Asef, ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Furnas é a maior subsidiária da Eletrobras e está presente em 14 Estados e no Distrito Federal. A energia gerada, principalmente por hidrelétricas, abastece 63% dos domicílios brasileiros e regiões onde são produzidos 81% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em 2018, distribuiu mais do que o dobro dos dividendos pagos pela Eletrobras: Furnas distribuiu R$ 699 milhões e a holding, R$ 345 milhões.

Segundo a associação, a instalação da Frente Parlamentar Mista pretende conduzir uma ampla discussão no Congresso Nacional que represente todas as vertentes de pensamento e os setores econômicos e sociais envolvidos.

"Queremos debater sem posições pré-concebidas, mas com a responsabilidade de evitar erros que ponham em risco um setor tão estratégico para o País e o bem-estar da população atendida pelos serviços - e com um olhar especial para os moradores dos municípios onde estão instaladas suas usinas, linhas e subestações", informa a Asef.