A Coamo Agroindustrial Cooperativa registrou alta de 7,6% sobre 2022 na sua receita global, somando R$ 30,3 bilhões no ano passado. A sobra líquida chegou a R$ 2,324 bilhões, com alta de 2,9% de um ano para outro. O balanço das contas da cooperativa foi apresentado nesta quinta-feira (15) aos associados, na sede da cooperativa, em Campo Mourão. Após a dedução estatutária, os mais de 31 mil cooperados no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul irão receber R$ 850 milhões em sobras.

O balanço também apontou crescimento de 17,5% no patrimônio líquido da cooperativa, atingindo o montante de R$ 10,615 bilhões e o ativo total chegou a R$ 17,370 bilhões.

O ano de 2023 foi considerado “atípico” em 52 anos de atividades da cooperativa. Embora marcado por grandes safras de soja, de milho e de trigo, houve uma severa crise de liquidez. “No ano passado, quando foi feito um plano de fornecimento de insumos, no verão, os preços da soja e dos insumos eram um e estavam adequados para a época, em torno de 70 sacas de soja por alqueire para produzir. Mas quando foi pagar, no final do ano, o preço havia subido para 90 sacas. Essa diferença é um dos motivos da perda de liquidez”, explicou o presidente executivo da Coamo, Airton Galinari.

A cooperativa, no entanto, ressaltou o grande volume de produtos agrícolas recebidos em 2023, representando a maior safra da história da empresa, totalizando 9,962 milhões de toneladas, o que corresponde a 3,1% da produção nacional de grãos, e com uma capacidade de armazenamento de seis milhões de toneladas.

O relatório apresentado pela diretoria mostrou um volume “excessivamente alto” nos estoques de passagem nos armazéns, totalmente em desacordo com o histórico registrado pela cooperativa. Os estoques elevados somados à grande safra de grãos recebida, à baixa comercialização por parte dos cooperados em razão da redução de preços e às interrupções de rodovias com destino ao Porto de Paranaguá, obrigaram a cooperativa a recorrer a soluções alternativas de recebimento, como silos bolsa, armazéns infláveis, alugueis de armazéns de terceiros, piscinas a céu aberto e moegas, medidas que tiveram impacto nos custos de armazenagem e resultaram na demora do recebimento desses produtos, afetando ainda a logística de escoamento da produção.

Em relação à rentabilidade da atividade, a cooperativa também destacou os reflexos negativos provocados pela queda dos preços das commodities agrícolas associada aos altos custos dos insumos. Fatores que contribuíram para elevar os índices de inadimplência do setor como um todo.

Apesar de todos os percalços, a direção da Coamo avalia os resultados como positivos e destaca os números recordes de exportação, especialmente na soja, farelo de soja e milho. O volume de vendas ao mercado externo somou quase cinco milhões de toneladas – um crescimento de 131,0% ante 2022. Esse salto no volume de exportações congestionou os portos e encareceu a logística, com filas de navios que duraram mais de três meses. Para contornar o problema, a cooperativa optou por utilizar portos mais distantes para o escoamento da produção, como os de São Francisco e Imbituba, em Santa Catarina, Rio Grande (RS) e Santos (SP). Ainda assim, o faturamento das exportações teve alta de 88,1% sobre os resultados do ano anterior e alcançou os US$ 2,226 bilhões.

A prestação de contas da Coamo apresentou os números dos investimentos em armazenagem e modernização da infraestrutura em diversas áreas, que se aproximaram dos R$ 570 milhões em 2023.

Presidente do Conselho de Administração da cooperativa para a gestão 2024/2028, José Aroldo Gallassini comemorou os resultados. “Apesar da queda do preço das commodities, a soja caiu muito de preço, mas crescemos 7,6%. A expectativa era crescer o faturamento e foi um ano muito bom, apesar das dificuldades”, avaliou.

EXPECTATIVAS

Com o retorno da cobrança de pedágio nas rodovias paranaenses, previsto para março, a expectativa da Coamo é de redução dos problemas logísticos, amenizando as dificuldades de escoamento da produção até Paranaguá. O setor do agronegócio como um todo também discute com o governo do Estado e a gestão do porto a viabilidade de realização de obras de melhorias na infraestrutura, incluindo aumento da capacidade de recebimento por malha ferroviária. “Mas não é uma solução para 2024. E neste ano, a própria quebra de safra deve reduzir o volume transportado ao porto”, disse Galinari.

O balanço das contas da cooperativa foi apresentado nesta quinta-feira  aos associados, na sede da cooperativa, em Campo Mourão
O balanço das contas da cooperativa foi apresentado nesta quinta-feira aos associados, na sede da cooperativa, em Campo Mourão | Foto: Assessoria de Comunicação da Coamo

A já aguardada quebra de safra deve baixar em cerca de 20% o volume de soja produzido, reduzindo também o faturamento. Para o milho segunda safra, a expectativa é que a produção fique dentro do esperado.

Sobre os investimentos, a Assembleia Geral Extraordinária realizada no último mês de dezembro aprovou investimentos de R$ 3,5 bilhões para o triênio 2024-2026, que serão empregados nas construções de novas unidades.