De 2021 para 2022, a Coamo Agroindustrial Cooperativa registrou alta de 14,1% na sua receita global, somando R$ 28,1 bilhões. A sobra líquida chegou a R$ 2,258 bilhões, com alta de 23,1% de um ano para outro. O balanço das contas da cooperativa foi apresentado em Assembleia Geral Ordinária, realizada nesta quinta-feira (16), na seda da empresa, em Campo Mourão. Após a dedução estatutária, serão distribuídos R$ 705,7 milhões em sobras aos mais de 30,7 mil associados no Paraná, em Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul.

Em um ano ainda marcado por adversidades climáticas, com estiagens prolongadas que levaram à quebra da safra de verão e de trigo, e instabilidades no cenário macroeconômico, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, o aumento nos preços das commodities agrícolas, a alta dos volume de vendas da linha alimentícia e também do fornecimento de bens de produção impulsionaram os resultados de 2022.

“Do ponto de vista do faturamento, tivemos resultados melhores no ano passado. Por outro lado, enfrentamos um problema climático que vem desde 2021, que atingiu a segunda safra de milho, tivemos a seca na soja, com 47% de quebra na safra, e também tivemos perda no trigo em 2022”, lembrou o presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Galassini. A compensação, ressaltou ele, veio com os preços mais altos das commodities agrícolas, especialmente para a soja, que iniciou 2022 com a saca do grão cotada a R$ 162, mas rapidamente atingiu o valor recorde de R$ 200 durante o período da colheita. Em relação a 2021, o preço médio de fixação subiu 38%. Na média anual, o milho foi comercializado com alta de 7% e o trigo registrou aumento de 8%.

No ano passado, a Coamo recebeu 7,470 milhões de toneladas nas suas 114 unidades localizadas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, representando 2,8% da produção brasileira de grãos.

EXPORTAÇÕES

A Coamo fechou 2022 com recuo de 43% no volume de exportações. O balanço da cooperativa aponta 2,107 milhões de toneladas de produtos comercializados no mercado externo. A baixa se deu, principalmente, pela quebra da safra de soja e pelo ritmo devagar no processo de fixação da produção pelos cooperados. Em faturamento, as exportações da cooperativa resultaram em US$ 1,183 bilhão, 14,5% menor em relação ao ano anterior. As vendas externas tiveram como destino 30 países da Europa, América, Ásia e África, com embarques nos portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC).

LOGÍSTICA

Com a acomodação nos preços dos defensivos químicos adquiridos no mercado externo e a realocação logística mundial para abastecimento de fertilizantes, assim como o recuo do preço do petróleo, o custo de produção deve ficar mais baixo e o agronegócio brasileiro não corre risco de desabastecimento desses insumos em 2023, segundo o presidente executivo da Coamo, Airton Galinari. O desafio, agora, é em relação à logística.

No ano passado, as vendas dos produtos ocorreram em ritmo mais lento e isso acarretou problemas de armazenagem, o que compromete o recebimento da nova safra. Para contornar essa dificuldade, a Coamo adotou algumas medidas como a contratação de armazéns de terceiros no Paraná e no Mato Grosso do Sul, a armazenagem em silos e a contratação de armazéns infláveis para acomodar parte da produção emergencialmente. “São medidas que aumentam um pouco o custo, mas nada que não possa colocar nos negócios. Com a capacidade tática normal que temos, não daria para receber toda a safra”, disse Galinari.

EXPECTATIVAS

Apesar das condições climáticas mais favoráveis, que afastaram o risco de perdas na produção de soja, e da capacidade de enfrentamento às condições macroeconômicas externas, os preços em queda e as margens menores fazem Galassini avaliar com cautela as perspectivas para 2023. “A questão do resultado não está muito vinculada à quebra de safra ou ao mercado internacional. Estamos esperando uma safra boa, com volume maiores que já tivemos, mas isso não quer dizer que vai ser um ano melhor que o anterior. Teremos um bom resultado, mas pode ser que não seja igual nos preços de 2022.”

Galinari espera que o governo federal atenda às demandas dos produtores rurais, entre as quais se destacam a ampliação da oferta de crédito e as subvenções do seguro. “Implantar uma lavoura não é barato. Precisa ter condições especiais. O país precisa produzir. Sabemos da importância do agro para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e o governo tem que estar sensível a isso. Acreditamos que vai haver essa sensibilidade.”

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