O fim das atividades do porto seco de Maringá e o início da concessão à iniciativa privada do Teca (Terminal de Cargas) do Aeroporto Governador José Richa farão, finalmente, com que decolem os negócios na estrutura londrinense. Depois de alguns altos e baixos na movimentação nos últimos anos, a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) confirmou que nos próximos meses a Ponta Negra Soluções, Logística e Transportes assumirá o comando dos serviços alfandegários no terminal e buscará ampliar o tráfego de cargas, principalmente por via aérea.

Terminal de Cargas do aeroporto de Londrina foi implantado em 2008:, é consenso que há muita capacidade ociosa em um terminal que poderia ser melhor aproveitado
Terminal de Cargas do aeroporto de Londrina foi implantado em 2008:, é consenso que há muita capacidade ociosa em um terminal que poderia ser melhor aproveitado | Foto: Gustavo Carneiro



Assim, Londrina ficará com o principal porto seco da região, o que favorecerá a movimentação, a arrecadação de impostos e a atratividade para novos empreendimentos. Ainda, empresas já instaladas no município passarão a contar com uma administradora do Teca que é especializada em distribuição de produtos médicos e odontológicos, além de medicamentos, segmentos em que a indústria local é representativa. A Ponta Negra, de Manaus, faz parte do Grupo Bringel.

Implantado em 2008, o Teca do aeroporto de Londrina patinou até 2013, ano em que passaram pelo local 191 toneladas (t) em cargas. No ano seguinte o volume saltou a 994 t, oscilou nos anos seguintes e voltou a crescer para 1.493 t em 2017. Mesmo assim, é consenso que há muita capacidade ociosa em um terminal que poderia ser melhor aproveitado se contasse, por exemplo, com um fiscal da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para liberação de produtos como medicamentos.

Empresas que precisassem do aval da agência para a liberação de cargas tinham de agendar a visita do fiscal do aeroporto de Maringá, principal concorrente do Teca de Londrina no Norte do Estado. No entanto, o terminal maringaense foi desalfandegado pela Receita Federal no último dia 6 de agosto, a pedido da administradora Multilog, o que reduz a demanda pelos serviços da Anvisa. O porto seco, concedido à mesma empresa, também será paralisado, devido a pedido semelhante. A FOLHA entrou em contato com a assessoria da Multilog, que informou que não se pronunciaria sobre o caso.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina terá principal porto seco em aeroporto da região



Novos parceiros
O superintendente de Desenvolvimento de Negócios em Soluções de Logísticas da Infraero, Edson Antunes Nogueira, afirma que a Ponta Negra pretende buscar novos parceiros, na região, para aumentar a movimentação de cargas a partir de Londrina. "As operações ainda estão acanhadas, mas entendo que a retomada da economia deve ajudar e aí [em Londrina] tem muito potencial."

Sobre o fiscal da Anvisa, Nogueira diz que a agência planeja adotar novos procedimentos, como fiscalização por amostragem em cargas recorrentes, o que reduz a necessidade em relação ao profissional.

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CEO da Ponta Negra Logística, Lysson Barroso afirma que o interesse na região de Londrina se deve ao grande potencial para a logística farmacêutica e à localização, perto de grandes centros. "Traz uma série de oportunidades comerciais, como, por exemplo, cargas em regime de DTA (Declaração de Trânsito Aduaneiro)", diz.

O estudo de viabilidade da empresa levou em consideração o tamanho do polo de medicamentos na região, que atende aos 13 anos de atuação do grupo nesse mercado. "Entretanto, a Ponta Negra Logística não pode desconsiderar o polo de inovação tecnológica que é Londrina, onde estão instaladas mais de 120 empresas atuantes no ramo de tecnologia da informação, com participação no mercado nacional e voltadas para a exportação", afirma o CEO.

Barroso diz que o contrato só será rentável para a Ponta Negra Logística se a movimentação aumentar, o que também facilitaria a designação de um fiscal da Anvisa para a cidade. A data para a empresa assumir o Teca não foi definida, mas a previsão é novembro de 2018. "O incremento de receitas deve vir de ações que oportunizem o crescimento de movimentação de cargas sem incremento de espaço", afirma, ao citar o uso de tecnologia, velocidade e qualidade para atingir esse desafio.

Para o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Claudio Tedeschi, o direcionamento da demanda de Maringá para Londrina é natural. "O porto seco de Maringá estava mais atrelado a cargas terrestres e aqui, a aéreas, que têm um volume menor, mas maior valor agregado", diz.

Tedeschi considera que indústrias como a Sandoz do Brasil, que fabrica medicamentos em Cambé e exporta para a América do Sul, serão beneficiadas com as mudanças. Ele diz que atualmente a Sandoz faz o desembaraço de insumos e produtos no Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Entretanto, por iniciativa da própria Anvisa, será implantado no futuro um sistema chamado Linha Verde. "Trouxemos da última reunião que tivemos, em Brasília, que quando forem produtos repetidos, a liberação seria feita pela internet, em vez de presencialmente", conta.