Imagem ilustrativa da imagem Londrina tem maior concentração de startups fora da capital
| Foto: Folha Arte

O Paraná tem mais de mil startups espalhadas pelos municípios, atuando em mais de 20 verticais diferentes. O número equivale a 8% do total de startups de todo o território brasileiro. As principais verticais exploradas por esses negócios são HealthTech & Wellness, AgroTech e EduTech. Os dados fazem parte do Mapeamento do Ecossistema de Startups Paranaenses, divulgado pelo Sebrae em evento da entidade no último fim de semana. O levantamento também mostrou que a Região Norte do Estado, com 202 empresas, tem a segunda maior concentração de startups do Paraná. E Londrina é a cidade com maior número de startups fora da capital. São 85 negócios atuando, principalmente, nas áreas de HealthTech & Wellness (23), AgroTech (23) e EduTech (16).

Rafael Tortato, coordenador estadual do StartupPR, programa do Sebrae voltado a startups no Paraná, afirma que o número de startups no Estado é relevante. “Diferente de outros estados, em que as startups estão concentradas na capital, temos uma quantidade grande de startups espalhadas em outras cidades”, acrescenta. Na sua visão, a capilaridade de negócios no Estado mostra que os atores locais do ecossistema, como universidades, incubadoras, aceleradoras, investidores, entidades e os próprios empreendedores, estão apostando nas startups.

Para Pedro Petri, idealizador da ZHealth, HealthTech de Londrina, o mundo conectado permite que negócios sejam criados em qualquer lugar. “Acredito que vivemos em um mundo conectado. As oportunidades se abrem quando temos um computador conectado à internet” Na opinião do empreendedor, o apoio de uma aceleradora também foi fundamental para a modelagem do negócio e o networking.

Pedro Petri, da ZHealth, HealthTech de Londrina: conectividade permite que negócios sejam criados em qualquer lugar
Pedro Petri, da ZHealth, HealthTech de Londrina: conectividade permite que negócios sejam criados em qualquer lugar | Foto: Divulgação

A ZHealth foi recentemente selecionada para um programa da gigante farmacêutica GSK Pharma Brasil. Após período de imersão no Rio de Janeiro, a empresa poderá ter a farmacêutica como parceira para o desenvolvimento de solução para o uso de blockchain para gestão de dados do paciente. O sistema de prontuário eletrônico da startup já está em uso em duas clínicas de Londrina, além do hospital da PUCPR, onde Petri estuda Medicina e a empresa foi acelerada. Agora, o negócio quer firmar parcerias com a indústria farmacêutica e ampliar a rede de clientes com o seu prontuário eletrônico. “Quanto mais pessoas e instituições se conectarem ao prontuário, mais pacientes serão beneficiados.”

Na visão de Lucas Ferreira, gestor estratégico de startups do Sebrae/PR, o fato de Londrina ser a cidade com maior número de startups fora da capital tem relação com a maturidade do trabalho que vem sendo feito pelos diferentes atores do ecossistema em benefício do desenvolvimento e da performance de startups ao longo de cerca de cinco anos. “As entidades se conversam e têm uma sinergia. A gente pode citar várias entidades com iniciativas direcionadas a startups.” Ferreira cita ainda a existência de uma comunidade de startups na cidade, que viabiliza o surgimento de outros negócios. “Quando os próprios empreendedores começam a se organizar, isso fortalece as startups que já estão no mercado e incentiva que novas startups sejam criadas.”

DESAFIOS

Com um ano e três meses de existência, a Tracepack, AgroTech de Londrina, já conta com seis clientes grandes – dois em operação e quatro em negociação. Uma delas é a Raízen, com a qual tem um projeto de gestão de ativos usando localizador de cargas. Além da gestão de ativos e da comunicação entre máquinas, a startup também já tem outras soluções em desenvolvimento com empresas parceiras. Os próximos passos são audaciosos: além de expandir a base de clientes, a Tracepack quer se consolidar no mercado como a melhor empresa de tecnologia do agronegócio.

Renan Salvador, Dilson Ito, Gustavo Schneider e Gustavo Leme, sócios da Tracepack, AgroTech de Londrina
Renan Salvador, Dilson Ito, Gustavo Schneider e Gustavo Leme, sócios da Tracepack, AgroTech de Londrina | Foto: Divulgação

Apesar do sucesso precoce, Renan Salvador, um dos sócios, conta que a startup teve dificuldades para se estabelecer em Londrina, e isso foi sentido logo na sua formação profissional. “Falta muito a questão do incentivo nas próprias universidades. Mas isso já está mudando. As universidades já estão incentivando a ser empreendedor.”

'NOVA ECONOMIA'

Para o Sebrae, as startups são a “nova economia” do Estado, porque trabalham com inovação, crescem a ritmo acelerado, buscam investimentos e geram empregos qualificados, embora tenham dificuldades de preencher as vagas. Segundo o mapeamento da entidade, mais de 10 mil pessoas trabalham atualmente nessas empresas no Estado. “As startups começam como algo pequeno, enxuto, mas podem se tornar empresas internacionais e gerar empregos qualificados”, diz o coordenador estadual do StartupPR, Rafael Tortato.

Ele acrescenta que as startups geram empregos nas suas cidades de origem, retendo os talentos locais. “Elas não precisam ir para os grandes centros. A ideia é que possam se desenvolver e gerar oportunidades qualificadas nas suas localidades. As startups começam a mudar o perfil de qualificação dos profissionais, que não precisam ir embora de suas cidades e podem criar negócios próprios ou trabalhar em outras startups.”