Londrina é a 15ª cidade do país e a terceira do Paraná a disponibilizar os indicadores que revelam dados sobre a compra, venda e demais serviços do mercado imobiliário. Essa é uma parceria do Grupo Folha com os quatro cartórios de registro de imóveis de Londrina. O documento, que será divulgado mensalmente pela FOLHA, é elaborado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e pelo Registro de Imóveis do Brasil.

Os dados do último informe divulgado, relativo ao mês de julho de 2023, indicam que Londrina teve uma alta de 4,1% no total de transferências imobiliárias em comparação com o mês anterior. Foram 1.609 registros, dos quais 821 (51%) são C&V (Compra e Venda). Em contrapartida, o dado específico de C&V no período aponta queda de 7,6%. Essa diminuição também aparece na quantidade de registros no acumulado do ano (-9,7%) e nos últimos 12 meses (-15,1%).

Para a presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná) Norte, Celia Catussi, o fato de Londrina ter esses dados divulgados “mostra o quanto nosso mercado imobiliário é forte”. É uma forma de olhar, a partir de dados reais e chancelados por instituições sérias, a quantas anda o setor local.

Em relação aos dados do último informe, Catussi explica que o mercado imobiliário possui “situações sazonais”. O lançamento ou a conclusão de um grande empreendimento, por exemplo, leva à maior procura do registro de imóveis. “Em todas as cidades existe uma curva onde pode estar em um ponto mais alto ou mais baixo”, acrescenta.

Olhando desde o início da série iniciada em 2012, Londrina vem observando um crescimento significativo do mercado imobiliário. Em 2012, por exemplo, foram 16.070 registros de transferências totais; em 2016, em meio à crise econômica, esse número caiu para 15.588, o menor no período. No ano passado a cidade somou 21.371 transferências e, nos últimos 12 meses, são 21.342.

Na avaliação da presidente do Sinduscon Norte, a evolução dos indicadores coincide com a melhora da economia do país. A redução da taxa de juros e iniciativas de incentivo à construção civil podem levar ao crescimento do mercado imobiliário.

“A diminuição dos juros, quando chega a valores perto de um dígito, o setor de construção civil é muito incentivado”, citando ainda a perspectiva do Plano Diretor de Londrina, que pode contribuir para a expansão da cidade. “Nosso radar tem muitas perspectivas positivas”.

DINÂMICA DO SETOR

O presidente da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Alex Canziani, destaca a importância de Londrina estar entre as cidades com acesso aos dados, que são “completamente fidedignos”. “Isso vai poder mostrar a dinâmica do setor imobiliário da cidade e a possibilidade de compararmos com outras cidades ao longo dos anos”, afirma, ressaltando que as construtoras que estão no município são referência para o país.

Na avaliação de Canziani, também cabe ao poder público colaborar e desburocratizar processos para viabilizar novos empreendimentos, uma vez que isso possui impacto positivo na economia local - com a geração de empregos, por exemplo.

IMPACTO NACIONAL

O professor Sidnei Pereira, do Departamento de Economia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), avalia que vários dos municípios presentes no relatório registraram queda em alguns indicadores imobiliários. É uma situação que acompanha o mercado.

“Nós tivemos na pandemia [da Covid-19] pessoas muito isoladas, então a casa delas passaram a ser o ‘forte’. Percebemos que houve uma procura por casas, então as pessoas demandaram e o mercado imobiliário ficou aquecido”, explica, pontuando que, no período, também houve redução da taxa Selic, que chegou a 2% em 2021. “Esse movimento de Londrina é mais ou menos parecido com o de outros municípios. Com algumas diferenças para Maringá, que parece que sofreu menos, mas é um procedimento relativamente normal.”

No entanto, com a elevação dos juros a 13,75% no ano passado, é natural que ocorra uma queda na demanda por imóveis. “Porque boa parte dos imóveis são financiados e, com uma taxa não atrativa, as pessoas têm medo do que pode acontecer”, diz.

Segundo Pereira, também faz sentido que 2016 tenha sido o ano com menor registro de transferências na série histórica. Era um momento de debilitação econômica e alta da Selic. “A partir daí, os registros começam a subir porque as taxas começam a cair”.

OUTRAS CIDADES

O informe aponta que Curitiba registrou alta de 14,5% no total de transferências, com elevação de 0,9% nas C&V em julho. Olhando para o acumulado deste ano, há uma queda de 6,2% nas transferências e 9,4% nas C&V. O mesmo acontece nos últimos 12 meses, com redução de 11% e 13,5%, respectivamente.

Já em Maringá, o crescimento das transferências foi de 36,7% em julho, com 30,6% a mais de compras e vendas. No acumulado deste ano são -11,6% total de transferências e +9,9% C&V. Nos últimos 12 meses, queda de 12,1% e 1,9%.