Londrina ganhou quase três empresas pet por semana em 2024
Mercado que movimentou R$ 77 bilhões em todo o país no ano passado cresce em ritmo acelerado e ajuda a aquecer a economia local. São mais de 1,5 mil empreendimentos na cidade
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Mercado que movimentou R$ 77 bilhões em todo o país no ano passado cresce em ritmo acelerado e ajuda a aquecer a economia local. São mais de 1,5 mil empreendimentos na cidade
Heloísa Gonçalves - Especial para a FOLHA

No país com a terceira maior população pet do mundo, que abriga mais cachorros do que crianças, o setor econômico voltado aos animais de estimação cresce a cada ano. O básico - ração, banho e tosa - já não é mais suficiente para os tutores brasileiros, que tratam seus pets como membros da família e se esforçam para garantir o bem-estar dos melhores amigos do homem.
O mercado pet movimentou R$ 77 bilhões no ano passado em todo o país, com aumento de 12% em relação a 2023 e recorde histórico do mercado. O campo inclui pet food (alimentos), pet care (higiene e bem-estar), pet vet (produtos veterinários), serviços veterinários, serviços gerais e venda de animais de estimação. Ainda segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), a esfera da alimentação chegou a R$ 42 bilhões em 2024, totalizando 55% do faturamento total do setor.
Uma pesquisa do Sebrae revelou que atualmente existem 217.498 empresas voltadas para pets no Brasil. O Paraná é o quinto maior mercado de produtos pet do país. São 15.897 empreendimentos ativos, com dados já de 2025. Em Londrina, o segundo município mais populoso do estado, são 1.516 empreendimentos divididos entre Indústria, Comércio e Serviço. Apenas neste ano foram abertas 41 novas empresas no município.
O avanço no número de empreendimentos foi de 11% entre 2023 e 2024. Eram 1.486 no ano passado, e no ano anterior, 1.337, o que representa uma média de quase três novas empresas por semana na cidade. O rápido crescimento do setor ajuda a fortalecer a economia local. Os estabelecimentos proporcionam 2.551 empregos formais para a cidade.
A Vet Planet & Cia é um pet shop localizado no centro de Londrina, que completa dois anos de funcionamento em setembro. Os serviços oferecidos incluem banho e tosa, consultas, vacinação, exames laboratoriais, farmácia veterinária e comercialização de alimentos e acessórios para pets. Gabriele Lopes, médica veterinária e proprietária do espaço, disse à FOLHA que o banho e tosa é o mais procurado pelos clientes, mas que eles “sempre levam um mimo” para os animais de estimação.

Como a disponibilidade de produtos que fogem do básico aumentam as vendas e o lucro do negócio, a proprietária afirmou estar em constante inovação para garantir a variedade. Além da ração, petiscos e brinquedos, estão sempre disponíveis “escova e creme dental, escovas rasqueadeiras, perfumes, shampoos, spray bucal, além de limpadores de rosto, orelha e patinhas”. Segundo Gabriele, a comercialização dos artigos representa 10% do faturamento mensal da loja.
Com expectativa de crescimento para este ano, a Abinpet afirma que o “desenvolvimento do mercado reflete o reconhecimento dos benefícios da interação entre humanos e animais para a saúde de ambos”, citando como exemplos o aproveitamento de pets em políticas de inclusão social e tratamentos terapêuticos.
Foco no peixe pequeno
Para auxiliar empreendedores como a médica veterinária, o Sebrae/PR lançou o programa Conecta Pet no ano passado em Londrina. A finalidade é aprimorar a gestão das micro e pequenas empresas londrinenses que atuam no ramo, assessorando a capacitação dos comerciantes.

“Para contribuir com o crescimento desse pequeno lojista, conectamos ele com iniciativas e outras empresas do segmento, com o objetivo de mostrar que ele tem excelentes condições de fazer parcerias para crescer no mercado. Por exemplo, se aproximar da indústria e das diversas marcas que vêm surgindo nos últimos anos, tanto no segmento de ração, quanto no de medicamentos ou embelezamento”, explicou a consultora do Sebrae/PR, Alesandra de Almeida.
A profissional contou que o setor abriga um volume considerável de empresas em Londrina, que demandam acompanhamento e ajuda. A entidade promoveu uma reunião com um grupo de comerciantes da cidade em fevereiro, buscando estabelecer uma agenda de encontros mensais para discutir o segmento local. “Para haver essa troca entre eles, fazer a entrega dos conteúdos e também ouvi-los, porque por mais que a gente tenha as informações e dados de mercado, é sempre importante saber o que o lojista está sentindo lá na ponta, o que de fato está pegando pra ele no dia a dia”, elucidou. Os empreendedores do ramo que tiverem interesse nas atividades podem procurar o Sebrae Londrina pessoalmente ou por meio dos canais físicos e digitais.
Falando sobre a perspectiva econômica no município, Alesandra é otimista. “Analisando números do mercado e conversando mais com as empresas, a gente tem sim uma crescente. Sempre aumenta o número de empresas que estão atuando nesse segmento. Pós-pandemia nós tivemos um boom gigantesco, porque estava todo mundo em casa, todo mundo querendo ter um animalzinho e se identificando com isso. Então teve um crescimento muito grande e não teve queda pós-pandemia”.
Segmento estrela
A área da alimentação é a que mais gera lucro dentro do mercado pet brasileiro, chegando a R$ 42 bilhões no ano passado. Dados da Abinpet apontam que o Paraná fabrica cerca de 300 mil toneladas por ano de rações para animais domésticos, o que equivale a cerca de 7% de toda a produção nacional.
Em uma nova inversão de tendência, a venda de ração para gatos ultrapassou a destinada a cães no Brasil. O anúncio foi feito em janeiro deste ano pela PremieRpet, o maior empreendimento do ramo na América Latina. Com o atrativo paranaense, a empresa inaugurou uma unidade industrial em Porto Amazonas, nos Campos Gerais, em 2022, com investimento de R$ 1,1 bilhão e 92 mil m² de área. As atividades ajudam a suprir os cerca de 9 milhões de animais de estimação no Estado, o que faz do Paraná o quinto maior mercado do País.
Em Londrina, a Integrada Cooperativa Agroindustrial atende o mercado de rações para postura desde 1995, quando foi fundada. Em 2015, a Unidade Industrial de Rações (UIR) também passou a produzir alimentos para peixes, cães e gatos, se especializando em piscicultura e pet food.

O foco na nutrição animal levou ao lançamento de quatro marcas de ração, que constituem a Linha Pet Integrada, vendida em nove estados brasileiros. Patricia Carla Climaco, gerente comercial da empresa, disse à FOLHA que “a linha pet é importante para a cooperativa, pois integra o portfólio de negócios da Integrada, atendendo um mercado em plena expansão. Além disso, é produzida com matéria-prima proveniente dos campos de nossos cooperados, gerando valor para os seus negócios”.
Baseada em projeções, a gerente acredita que o mercado pet possa se consolidar como um dos principais setores da economia nacional, “impulsionado por mudanças no comportamento dos consumidores, inovações tecnológicas e um aumento na conscientização sobre a saúde e bem-estar dos pets”. Ela julga um aumento contínuo na competitividade da área, com as indústrias do ramo focando em diferenciação e qualidade para atender as demandas dos tutores, cada vez mais dispostos a investir em seus companheiros.
📊 Animais Domésticos no Brasil (2023)
🐶 62 milhões – Cachorros (líderes absolutos)
🐦 42 milhões – Aves (em segundo lugar)
🐱 30 milhões – Gatos (terceira posição)
🐟 22 milhões – Peixes ornamentais
🐹🦎 2,8 milhões – Pequenos mamíferos e répteis
Comparação:
👶 40 milhões – Crianças de 0 a 14 anos (IBGE 2022)
📈 Brasil no Mercado Pet Global (2023)
1️⃣ EUA – 43,7%
2️⃣ China – 8,7%
3️⃣ Brasil – 4,95%
🏢🐾 Empresas do Setor Pet no Brasil (2023)
🔹 217.498 empresas dedicadas ao mundo pet
🔹 38.774 novos CNPJs registrados no ano, nas seguintes áreas:
🏥 Atividades e medicamentos veterinários
🛒 Comércio varejista de animais e acessórios
🍽️ Pet food
🏨 Serviços de hospedagem e cuidados estéticos
FONTE: SEBRAE/ABINPET
