Londrina dá o primeiro passo em direção à tecnologia aeroespacial a partir da assinatura de um acordo de cooperação técnica entre a AEB (Agência Espacial Brasileira) e o IFPR (Instituto Federal do Paraná). O documento foi assinado nesta segunda-feira (28) e irá viabilizar a formação de mão de obra para atuar na interpretação de dados captados por satélites e incentivar o empreendedorismo espacial. Para isso, serão injetados cerca de R$ 500 mil em recursos para que o instituto de educação dê início ao curso de qualificação profissional.

A AEB é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e com o acordo, o objetivo é utilizar a capacidade técnica do IFPR na formação de pessoal para descobrir formas de transformar as informações que vêm do espaço em negócios, apresentando soluções para os problemas do dia a dia do cidadão nas mais diferentes áreas, como agropecuária, energia, transporte, logística. “Existe uma oportunidade muito grande. Nosso mercado é grande e a gente quer, em vez de ficar comprando só soluções lá de fora, criando serviços de qualidade lá fora, criar soluções nossas, usando a nossa inteligência, a nossa capacidade”, disse o presidente da AEB, Carlos Augusto Teixeira de Moura.

Além da capacidade de qualificação técnica do IFPR, Moura destacou o ecossistema de inovação existente em Londrina como “importantíssimo” para o desenvolvimento de soluções. “Como as informações espaciais são aplicadas em praticamente tudo, nós nos consideramos uma infraestrutura que pode servir a quase tudo. Quando identificamos alguma organização que tem uma possibilidade de usar informações espaciais, estabelecemos um acordo de cooperação técnica e, a partir daí, tem a porteira aberta. Pode ser para fazer projetos, atividade educacional, alguma nova construção que uma prefeitura ou estado queira fazer. As possibilidades são imensas”, afirmou o presidente da AEB.

Segundo Moura, há outros acordos de cooperação técnica semelhantes em vigência no momento. Entre eles, destacou a parceria com o Instituto de Inovação Senai em Energias Renováveis, em Natal (RN), e com instituições estaduais catarinenses, que permitiu colocar em prática o programa Constelação Catarina. Criado no ano passado, o programa consiste em um conjunto de sistemas espaciais baseado no uso de nanossatélites lançados ao espaço com a finalidade de captar dados dos setores agropecuário e de defesa civil nacionais. Até o momento, foram lançadas três frotas com quatro nanossatélites cada uma.

Por meio de uma emenda parlamentar da deputada federal Luísa Canziani (PSD) serão destinados R$ 500 mil para o programa de formação e capacitação profissional conduzido pelo campus Londrina e pelo campus avançado de Arapongas do IFPR. O reitor, Odacir Antonio Zanatta, explicou que a iniciativa partiu do entendimento de que o Brasil investiu muitos recursos no lançamento de satélites que geram uma infinidade de dados, mas os investimentos na formação de profissionais habilitados a interpretar os dados captados pelos satélites não foram feitos na mesma proporção. “Há um montante de recurso muito grande sendo jogado fora. O objetivo dessa parceria com a AEB é que a gente possa ofertar cursos de curta duração, de 160 a 200 horas, para a formação específica na interpretação dos dados gerados pelos satélites e como a gente pode fazer para colocar esses dados à disposição do mundo do trabalho e do mercado, de maneira geral.”

Os profissionais formados deverão trabalhar, inclusive, na leitura dos dados gerados pelos nanossatélites do programa Constelação Catarina. Os cursos ainda não estão formatados, mas a expectativa é que a primeira turma seja aberta no segundo semestre de 2022. “O curso é para quem já terminou o ensino médio ou para quem tem formação superior, mas quer adquirir um conhecimento específico nessa questão da interpretação de dados gerados pelos satélites. A ideia é agregar novos alunos ao IFPR”, destacou Zanatta.

“A perspectiva para Londrina e o Paraná é muito grande para essa área aeroespacial. Fizemos uma missão a Brasília com várias pessoas do ecossistema de inovação e nós tivemos a oportunidade de ver o quanto isso poderia ser importante para o nosso Estado. E aí, a área que queremos atuar é no desenvolvimento de soluções. Enquanto Santa Catarina está muito focada na construção dos nanossatélites, nós queremos vender serviços para eles”, declarou o secretário municipal de Governo, Alex Canziani.

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