Londrina chega a 40 dias sem chuvas significativas
Precipitação da manhã de sexta não foi suficiente para melhorar baixa umidade; julho pode terminar como o mais quente da história na cidade
PUBLICAÇÃO
sábado, 30 de julho de 2022
Precipitação da manhã de sexta não foi suficiente para melhorar baixa umidade; julho pode terminar como o mais quente da história na cidade
Vítor Ogawa - Grupo Folha
A pouca chuva registrada em Londrina na manhã desta sexta-feira (29) não foi suficiente para amenizar a seca que já dura 40 dias. Para a semana que se inicia neste domingo, a previsão é de temperaturas mais baixas, mas sem chuva. A estiagem preocupa pelos impactos na saúde pública e também na economia, principalmente na agricultura.
Segundo a agrometeorologista Heverly Morais, do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), o déficit hídrico no solo é de 80 mm de chuva. “Isso foi causado pelo bloqueio atmosférico formado pelas grandes massas de ar quente e seco na região central do país, que impedem que as massas de ar frio propiciem a chuva. Até houve uma frente fria, mas ela foi fraca e não choveu por aqui”, explica Morais.
Ela ressalta que a umidade do ar está em um nível crítico, em torno de 30%, quando o ideal é em torno de 60% a 70%. A título de comparação, cidades no deserto africano do Saara comumente registram umidade entre 14% e 20%.
Os meteorologistas já projetam que o mês pode terminar como o julho mais quente já registrado na cidade. “Por conta desses bloqueios atmosféricos e sem chuvas, as temperaturas subiram muito e já podem ser classificadas entre as maiores da história para o período. A média da temperatura máxima registrada em Londrina está em 27,2 ºC, o julho mais quente da história até o momento. Antes disso, a média de temperatura máxima mais alta ocorreu em 1977, que teve 27ºC de média das temperaturas máximas, mas enquanto não terminar o mês ainda não dá para fechar que é o julho mais quente da história, porque há previsão de queda de temperatura neste fim de semana. Mesmo assim, se não for o mais quente, deve fechar como o segundo julho mais quente da história”, afirma. “O pessoal está indo para a praia. Está bem diferente.”
Ela ressalta que o tempo seco nesta época do ano é algo comum. “Ainda mais na época de La Niña, que provoca chuva abaixo da média e gera bloqueio atmosférico. Mas neste ano houve um adiantamento da seca. No ano passado choveu em julho e foi o segundo ano mais frio da história.”
Ela explica que o agosto mais quente foi o do ano passado e esse aumento da temperatura adiantou um pouco. “Não é todo ano que acontece isso. E 2022 foi extremamente frio em maio, chegou a atingir uma temperatura de 3ºC.”
Ela explica que o tempo seco e quente atrapalhou o desenvolvimento de algumas culturas. “Está prejudicando o trigo que foi plantado mais tarde e que ainda não soltou a espiga. Com esta falta de água o desenvolvimento da planta fica prejudicado. As hortaliças precisam de muita irrigação e ainda mais com esse calor acabam sendo afetadas, a ponto de diminuir a qualidade do produto ofertado. As pastagens também estão sendo muito prejudicadas e os pecuaristas precisam fazer suplementação para manter o gado. E as árvores frutíferas tropicais também precisam muito de água nesta época do ano”, destaca.
Ela afirma que outras culturas, como milho, café, cana, e mandioca já estão na fase de colheita e nesta fase será bom o tempo seco para colher. “Todas essas culturas estão sendo colhidas com boas produtividades. De março a junho houve chuvas abundantes e o solo estava com um bom armazenamento de água.”
Proprietário de alguns sítios na região de Alvorada do Sul (Região Metropolitana de Londrina), o agricultor Antônio Vieira tem percebido que a questão da estiagem vem se agravando, especialmente em Alvorada, município onde reside. No momento, ele tem 180 alqueires de milho plantados e a colheita deve acontecer dentro de 15 a 20 dias. Ele ainda não sabe precisar se a falta de chuva nos últimos meses trouxe prejuízos à plantação. “Sabemos que houve regiões com mais pluviosidade que outras. Temos áreas em espaços de diferentes localidades aqui em Alvorada. Por isso, ainda é difícil falar sobre perdas na produtividade, por exemplo.” (Colaborou Simoni Saris)
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