Londrina cai para 33º lugar entre cidades inteligentes
Quinta edição de ranking aponta resultados piores no município ante concorrentes acima de 500 mil habitantes principalmente em educação e meio ambiente
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
Quinta edição de ranking aponta resultados piores no município ante concorrentes acima de 500 mil habitantes principalmente em educação e meio ambiente
Fabio Galiotto - Grupo Folha
Londrina caiu da 25ª para a 33ª colocação entre os 666 municípios com mais de 50 mil habitantes do País, na quinta edição do Connected Smart Cities (Cidades Inteligentes e Conectadas em inglês), divulgado na terça-feira (17) pela Urban Systems. A comparação dos rankings de 2018 e 2019 registra a segunda queda consecutiva da cidade, que ficou em 23ª em 2017 e 45ª em 2016. Os principais motivos são os reflexos do cenário econômico e uma avaliação mais negativa em educação e meio ambiente do que concorrentes com número semelhante de habitantes.
A iniciativa visa identificar quais são as cidades com maior potencial para investimentos, com base em 11 indicadores que vão desde segurança a tecnologia e inovação. Curitiba, que no ano passado estava em primeiro lugar, ficou em terceiro neste ano. Campinas (SP) ficou na liderança, seguida por São Paulo. Completam os dez primeiros Brasília (DF) e São Caetano (SP), Santos (SP), Florianópolis (SC), Vitória (ES), Blumenau (SC) e Jundiaí (SP).
O diretor de marketing da Urban Systems e pesquisador responsável pelo ranking, Willian Rigon, afirma que o estudo é colaborativo e inteligente, o que também impacta no posicionamento dos municípios. Isso porque há inclusão ou substituição de quesitos analisados. Foram adicionados seis quesitos a esta edição. “Outro fator é econômico, porque envolve o empreendedorismo, a tecnologia e inovação, para impactar em eixos como investimentos em educação, urbanismo e saúde, por exemplo.”
São 11 indicadores principais usados para retratar a inteligência, a conexão e sustentabilidade de cada cidade. Cada um desses eixos é dividido em outros tópicos. Por exemplo, Mobilidade e Acessibilidade depende de notas em Automóveis por Habitantes, Idade Média da Frota, Ônibus por Automóveis, Outros Modais de Transporte (massa), Ciclovias, Conexões Rodoviárias entre estados, Destino Aeroviários, e Percentual de veículos de baixa emissão.
Porém, um mesmo item pode ser relacionado a mais de um indicador. O percentual de veículos de baixa emissão entra na nota de Mobilidade e Acessibilidade, de Meio Ambiente e de Economia. E, como Londrina não ficou entre as cem melhores em cinco dos 11 indicadores principais, a Urban Systems divulgou apenas seis notas (veja mais no infográfico).
Rigon avalia que Londrina precisa melhorar, principalmente, nos eixos Meio Ambiente e Educação. “O resultado de saneamento é inferior ao que precisaria e tem reflexo no indicador de Saúde, de bem-estar e de economia. Na Educação, nesta edição passamos a dar um peso maior para a responsabilidade sobre o ensino público, sem pensar no privado. E é o ensino que gera inovação e empreendedorismo”, conta o pesquisador.
Dentro da questão ambiental, Londrina poderia melhorar em Tratamento de Esgoto (90,1%), Recuperação de Recicláveis (4,7%), Cobertura de Coleta de Resíduos (97,4%) e Resíduos Plásticos Recuperados (6,23%). Em Educação, é preciso melhorar os investimentos na formação até o nono ano, aumentar a média de horas-aula e reduzir a quantidade de alunos por turma, para ter melhores resultados em avaliações nacionais.
Para o responsável pelo estudo, é preciso que o gestor municipal tenha visão estratégica de que as mudanças não ocorrem de uma gestão para outra, o que torna necessário preparar o terreno para avanços estruturais. “Mas não apenas. É preciso envolver vários atores, porque não é obrigação somente do Poder Público de pensar a cidade. Devem envolver-se as ONGs, a academia e o setor privado”, cita Rigon.
O diretor de Ciência e Tecnologia da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Fabian Bordon Trelha, acredita que a cidade passa por um momento favorável na atração de investimentos e no debate sobre um futuro mais promissor e de mais recursos para políticas públicas. Ele exemplifica com a instalação do Tecnocentro, que está em construção e reunirá laboratórios, incubadora e serviços de apoio.
O local servirá como base para pesquisas e para o fomento do ecossistema de inovação, com intercâmbio entre os cinco setores considerados estratégicos para o desenvolvimento do município, que são agronegócio, químico e de materiais, eletrometalmecânico, TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) e saúde. “Temos também a liberação de R$ 2 milhões em recursos, pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, para a compra de equipamentos para um laboratório de alimentos, que ficará no Tecnocentro e será ponto central para a nossa política de inovação”, conta Trelha.
Para o diretor na Codel, Londrina sempre teve grande participação popular, com iniciativas como o Fórum Desenvolve Londrina e o Observatório de Gestão Pública de Londrina. Ele cita o atual debate sobre masterplan, ou planejamento estratégico para o desenvolvimento, que saiu do papel depois de anos. “Vivemos um momento importante. Temos investimentos e empregos que aparecerão nos próximos relatórios, como a Tata, que gerou mais de 500 vagas desde 2018, e a vinda da J. Macêdo, que montará um complexo industrial em Londrina”, completa Trelha.