Lojistas apostam na véspera para aumentar vendas do Dia das Crianças
Movimento foi considerado fraco na semana passada; comerciantes dizem que desde 2020, este é o ano com menor volume de vendas para a data
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Movimento foi considerado fraco na semana passada; comerciantes dizem que desde 2020, este é o ano com menor volume de vendas para a data
Simoni Saris - Grupo Folha

Uma sondagem realizada pela Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná) e pelo Sebrae/PR apontou que 74,4% dos paranaenses têm a intenção de presentear no Dia das Crianças. O percentual é o maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2016, e segundo a entidade, o fim das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, que neste ano permite uma maior circulação de pessoas, é o principal fator que fez subir as expectativas de venda dos varejistas. No comércio de Londrina, no entanto, o movimento de consumidores procurando por presentes ainda é fraco e quem investiu em estoque para essa data está apreensivo.
“Está bem fraco ainda, mas estamos colocando os brinquedos mais para a frente da loja, para ficar com maior destaque, porque a nossa expectativa é que os clientes apareçam entre sábado e terça (11). Ontem (quinta-feira, 6), foi dia de pagamento para a maioria das pessoas e espero que o pessoal venha de agora em diante”, disse Renata Lourenço, gerente de uma loja na rua Sergipe. “Mas a disposição para gastar está boa. Nesta semana, vendemos alguns brinquedos com valores acima dos R$ 100. Quem comprou, não está economizando muito.”
A auxiliar de enfermagem Fernanda Santos de Carvalho circulava pelas lojas do centro da cidade na manhã de sexta-feira (7) com o filho Enzo, 8 anos, e aproveitou para pesquisar o preço de alguns brinquedos. “Eu sempre dou alguma coisinha pra ele. Nunca passa em branco. Mas é lembrancinha porque o aniversário dele foi em setembro e em dezembro tem o Natal, então a gente segura mais os gastos no Dia das Crianças. Mas estou achando tudo caro. Eu tento conciliar o quanto posso gastar com o gosto dele e geralmente dá certo. O Enzo entende que o dinheiro do papai e da mamãe está curto. O presente dele não vai passar de R$ 60.”
Proprietária da Kinder Toys, no Camelódromo, Luzia Alves reforçou o estoque de brinquedos para a o dia 12 de outubro, mas se as vendas não crescerem na véspera da celebração, ela teme que o capital investido fique parado até o Natal. “Em 2020, em plena pandemia, foi melhor de vendas. Em 2021 foi um pouco mais fraco que em 2020, mas ainda foi melhor que neste ano. Acho que o problema é a economia mesmo. O pessoal está sem dinheiro”, avaliou. “Geralmente, uma semana antes do dia 12 o movimento já é bom, mas esse ano não está assim. A esperança é sábado, segundo e terça-feira”, comentou. “Me preparei para a data, mas é bem preocupante. Estou achando que meu estoque vai ficar para o Natal.”
Entre as vendas que Alves já fez para o Dia das Crianças, a maior parte foi de itens de valor mais baixo, na faixa dos R$ 20. “Quando alguém gasta R$ 50 na loja, leva quatro ou cinco presentes. São lembrancinhas mesmo que os consumidores estão procurando neste ano.”
“As vendas para o Dia das Crianças ainda estão bem fracas, mas a gente sabe que o pessoal deixa para a última hora. Essa semana, comparada com a semana passada, está com um movimento maior”, disse a proprietária da CJR Coleção, Natália Dutra. Na loja dela, os jogos de tabuleiro e os jogos de peças de montar são os artigos mais procurados para meninos e para meninas, um dos hits são os kits para montar pulseiras. “As pessoas estão procurando presentes mais interativos para que as crianças deixem um pouco de lado as telas.”
Quem trabalha com nichos especializados registra uma procura mais alta. É o caso da Ciranda, que trabalha com brinquedos educativos e conquistou freguesia cativa ao longo dos últimos 18 anos. "Nossas opções diferenciadas em brinquedos educativos, científicos, com conceitos de robótica, por exemplo, sempre têm muita procura. O movimento tem sido bom nessas últimas semanas, mas isso vem de um trabalho consolidado de anos", comenta a proprietária Denise Gentil.
A percepção dos lojistas ouvidos pela reportagem contraria a projeção feita pelo Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina). O presidente da entidade, Ovhanes Gava, estima um crescimento acima de 10% nas vendas do Dia das Crianças neste ano. “A expectativa para as vendas do Dia das Crianças sempre, como todos os anos, vem aumentando. Mesmo com a pandemia de Covid, a gente superou os números e, esse ano, não vai ser diferente.”
O coordenador de Desenvolvimento Empresarial da Fecomércio PR, Rodrigo Schmidt, também aposta em uma maior disposição dos consumidores para as celebrações no dia 12 de outubro em razão das celebrações terem ficado “represadas” durante o período mais crítico da pandemia. “As crianças, em especial, foram bastante impactadas neste período, mas houve, em termos gerais, um fortalecimento das relações entre pais e filhos, o que explica esta disposição maior de comemorar esta data tão importante para o varejo nacional.”
Mas Schmidt destaca também a percepção de melhora da conjuntura macroeconômica pela população, com o mercado de trabalho em recuperação, como um aspecto importante e que influi positivamente na intenção de compra. No ano passado, a mesma pesquisa da Fecomércio PR apurou que 65,6% dos entrevistados tinham intenção de comprar presentes no Dia das Crianças.
LISTA DE PRESENTES
A sondagem revelou que os brinquedos ainda estão no topo da preferência dos consumidores, com 55,6% das intenções de compra, mas perderam um pouco de espaço na comparação com o ano passado, quando foram citados por 62,9% dos entrevistados. Por outro lado, roupas e calçados tiveram aumento neste ano, saltando de 27,8% para 45,7%.
Os jogos educativos, que tiveram grande procura no ano passado, com 30,9% das citações, este ano tiveram apenas 9,6%. Eletrônicos como videogames, notebooks, tablets e celulares devem registrar alta nas vendas de 5% para 8,5% de 2021 para 2022 se o resultado da pesquisa se confirmar. Dar dinheiro para a criança escolher o que quiser será a opção de 7,5%. Já os livros e afins caíram bastante, baixando de 17,4% no ano passado para 5,1% nesta edição do Dia das Crianças.
Em relação ao valor que os consumidores estão dispostos a pagar pelos presentes, a sondagem apontou um tíquete médio de R$ 156,58. Na análise por faixa de valores, um terço das famílias afirmou que pretende economizar e gastar até R$ 100. Outro terço disse que vai despender mais de R$ 200.
ÚLTIMA HORA
A pesquisa da Fecomércio PR também traz um alento para os comerciantes que estão aflitos com o baixo movimento de consumidores nas lojas. Segundo o levantamento, a maior parte das compras – 51,2% – será feita na semana que antecede o Dia das Crianças, mas 21,3% das vendas deverá ocorrer no mesmo dia.
Os presentes da criançada serão pagos, preferencialmente, à vista, por 61,5%, somando cartão de débito (28,7%), dinheiro (19,5%) e pix (13,3%). As compras parceladas no cartão de crédito devem corresponder a 20,1% e as feitas para o vencimento, 13,3%.
A maior parte dos paranaenses – 34,7% – vai presentear duas crianças; 27,1% presentearão apenas uma; 17,2% comprarão presentes para três crianças; 6,9% para quatro crianças e, 14,1%, mais de quatro crianças. A escolha do presente será feita, principalmente, pelo adulto, com 63,5%. Entretanto, o percentual de crianças que vai escolher seu presente subiu este ano, passando de 20,1% para 34,8%.
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