Março é um mês complicado para o varejo. Depois das liquidações de janeiro e dos pagamentos dos muitos impostos cobrados pelos governos no início do ano, os consumidores ficam mais contidos nas compras. Mas, ano a ano, as promoções da Semana do Consumidor têm ficado mais frequentes, apontando uma tentativa dos lojistas de aquecer as vendas em um mês sem muito apelo comercial. Embora ainda não tenha se popularizado nas lojas físicas, no comércio on-line as ofertas se multiplicam e há descontos atraentes. Para quem já planejava alguma compra, pode ser uma boa oportunidade, mas é preciso avaliar a real necessidade do produto e ficar atento para não cair em golpes.

Assim como a Black Friday, a Semana do Consumidor também é uma criação dos norte-americanos, estabelecida oficialmente pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1985. Nos Estados Unidos, ela acontece há mais de 60 anos com o intuito de conscientizar os consumidores sobre direitos que regem as relações de consumo, como segurança e informação, por exemplo.

No Brasil, a data começou a ser explorada pelo varejo há cerca de dez anos, mas ao contrário da Black Friday, ainda não se popularizou. Mas se depender do empenho das empresas de comércio eletrônico, em poucos anos o cenário deve mudar. Comemorada neste ano entre os dias 15 e 22 de março, a Semana do Consumidor oferece uma série de produtos em promoção, de eletrodomésticos e eletrônicos a itens de uso pessoal, como roupas, sapatos e cosméticos, incluindo ainda passagens aéreas e diárias em hotéis. Até a Caixa Econômica Federal anuncia um pacote de promoções para a data. As grandes lojas, já consolidadas no ambiente virtual, anunciam as maiores ofertas.

“As lojas físicas não estão mesmo aderindo à Semana do Consumidor. Está muito no mercado on-line. É uma data à qual o lojista ainda não dá muita atenção, embora exista há alguns anos”, comentou o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná), Fernando Moraes. “E nós também não vemos os fornecedores provocarem os lojistas para que ofereçam descontos. Precisaria fomentar isso. Março é um mês ainda complicado para o varejo.”

Para quem planejava alguma compra e já vinha pesquisando os preços, identificar as boas oportunidades pode ser mais fácil. Há produtos com redução de até 40%. Mas seguindo o raciocínio de que se não comprar a economia é maior, o economista Marcos Rambalducci sugere cautela antes de sair digitando os números do cartão nos sites de compras. “Não compre porque está barato. Não tem produto mais caro do que aquele que você comprou sem necessidade. Lembre-se de verificar primeiro se você realmente precisa e somente depois saia procurando uma oferta adequada. Não se deixe levar por impulso”, orientou.

Se após essa avaliação o consumidor decidir que a compra é realmente necessária, uma segunda dica é se certificar de que o site com a oferta é seguro. Afinal, os golpistas estão tão atentos quanto os consumidores às datas comemorativas do varejo, esperando apenas um descuido. Uma forma simples de evitar cair em fraudes é verificar o URL, aquele endereço eletrônico que direciona ao site. Se as letras http estiverem seguidas de “s”, indica que a página é segura. Outra dica bem simples é procurar pelo símbolo de um cadeado, mostrado no navegador, bem ao lado do URL. “Se esse cadeado não for mostrado ou se tiver uma linha vermelha em cima dele, o site também não é seguro”, alertou Rambalducci.

E por fim, a orientação é desviar de anúncios que mostram preços com descontos do tipo “bons demais para serem verdade”. “Não existe isso. Qualquer oferta que esteja com descontos acima de 20% na comparação com outras lojas on-line, abra o olho.”