Locadoras de veículos fecham 2020 com frota recorde

As dificuldades econômicas decorrentes da pandemia do novo coronavírus não afetaram tão drasticamente o setor de locação de veículos quanto se imaginava no início de 2020. Dados do Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos divulgado nesta quarta-feira (24), pela Abla (Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis), apontam queda nas diárias vendidas e no faturamento, mas a redução foi menos acentuada do que previam as projeções feitas entre março e abril do ano passado e o setor encerrou o ano com um recorde histórico nos números da frota, superando a marca de um milhão de veículos.

O mercado de locação de automóveis foi duramente afetado pela paralisação das atividades nas montadoras e cem mil veículos deixaram de ser entregues por dificuldades na produção. Ainda assim, houve quebra de recorde na frota, que passou de 997.416 em 2019 para 1.007.221, elevação de 0,98%, ultrapassando pela primeira vez na história a marca de um milhão. “O ano de 2020 foi um desafio na questão de movimentação. Durante todo o ano teve queda nas vendas, paralisação do setor por conta da pandemia, problemas nas montadoras e chegamos em dezembro com pedido de aproximadamente cem mil veículos que não foram entregues e as locadoras com pátios vazios”, avaliou o presidente da Abla, Paulo Miguel Junior. O anuário é produzido a partir de dados coletados pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).

Antes da pandemia, o mercado automotivo estimava uma produção entre 2,5 milhões e 2,6 milhões de unidades. Com a pandemia, as previsões baixaram para cerca de 1,6 milhão, mas o setor encerrou o ano com 1,9 milhão de veículos. Em função das dificuldades enfrentadas pelas montadoras, que tiveram de lidar com falta de insumos, as compras de carros novos pelas locadoras caíram cerca de 33% na comparação com o ano anterior, encerrando o ano com 360.567 novos emplacamentos. Em 2019, as locadoras adquiriram 541.346 automóveis e comerciais leves zero quilômetro. “Mantivemos os emplacamentos na faixa dos 20%. Os emplacamentos das locadoras sempre estiveram em torno de 20%”, comentou o presidente da Abla.

Em 2021, mesmo com o agravamento da pandemia, 450 mil unidades devem ser incorporadas às frotas das locadoras, incluídos nesse cálculo os cem mil automóveis que foram pedidos e ainda não foram entregues pelas montadoras.

FATURAMENTO

Entre os dados negativos levantados pelo anuário, a Abla destacou o número de diárias de aluguel vendidas no ano passado. Foram cinco milhões a menos, na comparação com 2019, baixando de 49,6 milhões para 44,6 milhões. A consequência foi o recuo no faturamento bruto anual do setor que caiu de R$ 21 bilhões para R$ 17,6 bilhões. O faturamento líquido baixou de R$ 19 bilhões para R$ 15,3 bilhões de um ano para outro.

EMPREGOS

No início da pandemia, as incertezas sobre o futuro econômico do País, houve demissões no setor, mas com o reaquecimento do mercado no segundo semestre, novas vagas foram abertas e o total de postos de trabalho nas locadoras subiu de 75.104 em 2019 para 77.214 no ano passado, crescimento de 2,80%. O número de empresas ativas no segmento também avançou, 2,22%, saltando de 10.812 para 11.053.

O presidente da Abla observou uma mudança no perfil de consumo. As terceirizações continuam na liderança, com 52% da frota, mesmo percentual registrado em 2019. Mas houve crescimento nas locações para turismo e lazer, saltando de 26% para 34% de um ano para outro enquanto caíram as locações para turismo de negócios, de 22% para 16%. “Quando a gente entra nesse cenário, temos as pessoas que buscaram o carro para transporte individual para fugir do transporte público ou pessoas que haviam vendido o carro e passaram a usar o transporte público ou compartilhado, mas que com a pandemia compraram carros novos ou usados. Os carros de aplicativo também reaqueceram o mercado”, analisou Miguel Junior.

PARANÁ

As 563 empresas de locação de veículos que atuam no Paraná emplacaram, em todo o ano passado, 21.972 automóveis e comerciais leves. Juntas, as locadoras em atividade no Estado contabilizam mais de 53.004 mil veículos, somadas as unidades compradas com os seminovos já disponíveis. O número representa um aumento de 26% em relação a 2019. Essas empresas são responsáveis pela manutenção de 3.135 empregos diretos.