O desejo de empreender está cada vez mais popular entre os jovens. No início da caminhada, eles se deparam com dois principais desafios: ter uma boa ideia e dispor de recursos para tirá-la do papel. Quem consegue emplacar um projeto original e viável, muitas vezes esbarra na falta de capital.

Imagem ilustrativa da imagem Linhas de crédito são boas opções para jovens tirarem projetos do papel
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Uma novidade que pode pode interessar quem vive este dilema é o programa Jovem Empreendedor, lançado este mês pelo governo estadual. Promovido em uma parceria entre a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Fomento Paraná, a iniciativa oferece linhas de crédito para incentivar a geração de emprego e o desenvolvimento de negócios para pessoas de 18 a 29 anos.

“Queremos atender os jovens que estão abrindo seu negócio e começando a ter sua primeira oportunidade como empresário, ou o jovem que já tem o seu negócio acontecendo e deseja ampliá-lo. Essa é uma linha de crédito subsidiada, o que quer dizer que, no mercado financeiro, não terá juro tão barato”, afirmou o governador Ratinho Junior.

“Esse incentivo ao jovem empreendedor é para que essas pessoas possam ter o seu negócio, ajudar a gerar emprego e virar um grande empresário, um grande industrial ou um grande investidor, fazendo com que a economia do Paraná cresça cada vez mais”, completou.

Nas linhas de crédito do BRDE, os recursos poderão financiar capital de giro, obras civis e instalações, compra de equipamentos e softwares, desenvolvimento de software, capacitação e treinamento, gastos de desenvolvimento de produtos e serviços, e gastos pré-operacionais.

Os créditos disponibilizados variam segundo o perfil da empresa. Para as microfinanças são disponibilizados até R$ 200 mil; para produtores rurais até R$ 1 milhão; e, para micro, pequenas e médias empresas, até R$ 5 milhões.

O vice-presidente e diretor de Operações do BRDE, Wilson Bley Lipski, destacou que o público-alvo foi selecionado para incentivar a criação de empregos em um setor que foi altamente prejudicado pela pandemia. “A gente percebe que, geralmente, as pessoas de 18 a 29 anos são as que têm maior dificuldade para encontrar um emprego entrar no mercado de trabalho. Com esse apoio, nós queremos ajudar a reverter isso, dando a oportunidade de eles estarem na sociedade podendo empreender”, afirmou.

O secretário da Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost, reforçou que esse público é um importante foco de atenção por parte do Governo do Estado. “Nós procuramos intensificar os programas voltados à empregabilidade para o jovem. Dando esse incentivo a empresas que contratam jovens, buscamos reduzir a dificuldade de encontrar o primeiro emprego. Esse é o caminho do desenvolvimento, é assim que vamos fazer a recuperação econômica no Paraná”, reforçou.

CONDIÇÕES

No caso das linhas de crédito do BRDE, podem se enquadrar no programa quatro modalidades de empreendedores. Uma delas é para o empreendedor (pessoa física) ou produtor rural com idade entre 18 e 29 anos. Nos outros casos, micro, pequenas e médias empresas precisam atender a pelo menos um dos seguintes critérios: ter sócio ou acionista majoritário com idade entre 18 e 29 anos; possuir pelo menos 51% de seus colaboradores com idade entre 18 e 29 anos; ou, ainda, ter um programa de estágio e no mínimo 10% de sua folha de pagamento na faixa etária mencionada.

A linha de crédito poderá ser solicitada na sede do BRDE, mediante agendamento prévio, ou de forma online através do site www.brde.com.br.

NOVOS EMPREENDEDORES

Já na linha de microcrédito fornecida pela Fomento Paraná, o objetivo é apoiar empreendedores jovens que desejam investir em um negócio próprio. O microcrédito é composto por empréstimos e financiamentos de até R$ 20 mil, com até três meses de carência e prazo total de 36 meses para pagamento. É destinado a trabalhadores informais, empreendedores individuais e microempresas com faturamento anual de até R$ 360 mil.

O crédito será acessível para pessoas físicas ou jurídicas que buscam fomentar seu negócio sem comprometer o fluxo de caixa da empresa com parcelas de empréstimos elevadas. Além da burocracia reduzida, os empréstimos de linhas de fomento têm taxas de juros menores do que as do mercado financeiro, possibilitando ao empreendedor conseguir um aporte maior por uma parcela menor.

​Samuel Tives, coordenador para Políticas da Juventude da Sejuf e coordenador do programa Jovem Empreendedor, explica que esse é um projeto de muito importante para a juventude na retomada econômica. “Com a pandemia avançando e os jovens perdendo espaço no mercado de trabalho, nós começamos a vislumbrar novas possibilidades. Como o jovem estava com dificuldade para reinserção, o empreendedorismo surgiu como uma nova opção”, destacou.

“A gente precisa qualificar os jovens e fazê-los empreender – e para isso nós precisávamos de uma linha de crédito específica, que é o que conquistamos aqui hoje”, endossou.

As linhas de crédito da Fomento Paraná serão disponibilizadas através das 216 Agências do Trabalhador do Estado. “Teremos um canal importante de atendimento ao jovem dentro das agências, e queremos ser referência no crédito subvencionado pelo Governo do Estado”, ressaltou Heraldo Alves das Neves, diretor-presidente da Fomento Paraná.

Ideia pode surgir das necessidades do dia a dia

A vontade de comer um salgadinho durante a madrugada, quando todos os mercados já estavam fechados, intrigou Felipe Lanza. Ele viu ali uma brecha para abrir um negócio que pudesse atender os consumidores com artigos de conveniência durante 24 horas.

Lanza então decidiu criar uma conveniência on-line para entregar centenas de produtos a qualquer hora do dia. O negócio parecia óbvio e se aplicou na prática, porque, até então, na maioria das cidades o acesso pelo delivery em vários horários do dia era e ainda é precário. Nascia ali a Carrinho Cheio, que se tornaria a maior rede de lojas autônomas do Brasil.

No planejamento, ele começou pela localização. O primeiro endereço do depósito era localizado exatamente no meio da cidade de Londrina para que os entregadores pudessem se deslocar da forma mais rápida possível para qualquer região. Logo a conveniência on-line caiu no gosto dos moradores pela comodidade e rapidez na entrega e o empreendedor resolveu seguir para um desafio ainda maior. A partir dali, outras unidades foram abertas no mesmo modelo em Maringá, São José dos Campos (SP) e Balneário Camboriú (SC).

Agora, o CEO da Carrinho Cheio segue com outros projetos, de lojas automatizadas, provando que a ideia é um grande capital quando se fala em empreendedorismo.