Líder paranaense dos caminhoneiros garante paralisação para o dia 29
Movimento é consenso na categoria; líder goiano afirma que Bolsonaro tem buscado encontrar soluções para os problemas da categoria
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sábado, 20 de abril de 2019
Movimento é consenso na categoria; líder goiano afirma que Bolsonaro tem buscado encontrar soluções para os problemas da categoria
Nelson Bortolin - Grupo Folha
O caminhoneiro paranaense Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, garante que a paralisação da categoria agendada para o dia 29 de abril vai acontecer. “A cada hora, a adesão está maior”, diz ele se referindo aos grupos de WhatsApp, por meio dos quais o protesto está sendo organizado. “Eu participo de 80 grupos, cada um deles tem mais outros 30 grupos por trás”, alega o líder.
O reajuste de R$ 0,10 no litro do óleo diesel confirmado na quarta-feira (17) pela Petrobras fez os motoristas anteciparem a paralisação que estava prevista para maio. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) havia suspendido o aumento para tentar acalmar a categoria. Mas a reação do mercado à medida levou a petrolífera a perder R$ 32 bilhões de valor num único dia.
Apoiador dos caminhoneiros na greve do ano passado, o presidente contou com a retribuição durante a campanha eleitoral e tem buscado atender às reivindicações da classe nesses primeiros meses de governo. Nesta semana, o ministro-chefe da Casa Civil anunciou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) irá liberar uma linha de financiamento para que os caminhoneiros posam comprar pneus e fazer manutenção nos veículos. Cada um poderá tomar até R$ 30 mil.
Mas, segundo Dedeco, a medida só é boa a médio e longo prazos. “Não adianta liberar dinheiro agora, não temos como pagar”, afirma. Outro problema, de acordo com ele, é que os bancos exigem garantias para aprovar crédito que a categoria não tem como oferecer. “No Procaminhoneiro (programa do governo Lula para motoristas financiarem caminhões), só as empresas se beneficiaram”, critica.
Conforme afirma o líder, está mais fácil mobilizar os motoristas autônomos neste ano que na greve do ano passado. Além da alta do preço do diesel, a categoria está revoltada com o não cumprimento do piso mínimo do frete, criado pelo governo do presidente Michel Temer. “A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) não fiscaliza, então ninguém paga os valores mínimos previstos na lei”, conta.
Ligado ao senador Alvaro Dias (Podemos), o paranaense alega que a categoria está revoltada porque esperava mais reconhecimento do atual governo.
Já o líder goiano Wallace Landim, o Chorão, considera que o governo está “trabalhando pela categoria”. “Nós estamos buscando a solução para os problemas junto ao governo. Sei que estamos todos na UTI, mas vamos tentar segurar o máximo possível. Espero que consigamos resolver todas as questões a tempo de salvar a todos.”
Landim diz que nunca foi contra a mobilização da categoria, mas neste momento não vai apoiar a paralisação. “As coisas estão andando devagar mas estão andando. Estamos tendo um diálogo muito bom com governo”, ressalta.