Após fechar o ano passado com saldo positivo de 51,4 mil empregos com carteira assinada, o melhor resultado desde 2013 segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o Paraná poderá perder cerca de 60 mil empregos formais após 15 dias úteis de queda na atividade econômica em decorrência da pandemia de coronavírus. A estimativa é de um grupo de professores do Departamento de Economia da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e aponta para o fechamento de 7.924 empresas em todo o estado, sendo 7,8 mil micros e pequenas e 120 médias e grandes.

Imagem ilustrativa da imagem Levantamento aponta perda de 60 mil empregos formais no Paraná

Com a suspensão pelo Ministério da Economia da divulgação do saldo de demissões e contratações dos meses de janeiro e fevereiro deste ano por conta de falhas no repasse de informações ao cadastro antes do início da pandemia, a expectativa é de uma lentidão ainda maior no acesso às informações sobre o estrago que o isolamento social terá causado na economia, o que não deve desconsiderar a importância do isolamento social no combate à transmissão do vírus. No entanto, a demora na divulgação de informações torna ainda mais importante a contribuição dos docentes da Universidade Estadual de Londrina, Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná), Unespar (Universidade Estadual do Paraná) e da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que analisaram o impacto econômico sobre 56 setores da economia individualmente.

Dos cerca de 60 mil empregos formais que podem desaparecer em todo o Paraná, 35 mil são trabalhadores que têm até o Ensino Médio. O segundo grupo mais afetado é o de trabalhadores com o Ensino Fundamental e compreende 17,5 mil pessoas em todo o estado. Já os outros 8 mil profissionais incluídos na estimativa são os que possuem o Ensino Superior. Já o impacto negativo no saldo de empregos em Londrina seria de 1,7 mil profissionais com Ensino Médio, 800 com Ensino Fundamental e 500 com nível superior. Já com relação ao número de empresas em Londrina, a estimativa de fechamento é de 170 micro e pequenas empresas.

Para se obter estes números, os pesquisadores levaram em consideração uma variação negativa de demanda final em um Modelo de Equilíbrio Geral, ou seja, uma consagrada tentativa de representação de um novo cenário em uma análise macroeconômica que também visa alcançar o equilíbrio entre o mercado de bens e serviços em relação ao mercado monetário. Para isso, um banco de dados com informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ministério da Economia e Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) foi utilizado.

Integrante do grupo que coordenou a pesquisa, o professor Umberto Antônio Sesso Filho, do Departamento de Economia, ressaltou que a estimativa não leva em consideração as ações que já foram anunciadas pelos governos municipal e estadual para se garantir emprego e renda e que os resultados são cumulativos diante de uma possível manutenção do período de isolamento social.

“Este ano, a estimativa era crescer 2%. Então veja, se nós vamos de cara nestes 15 dias já retroceder, se este efeito for cumulativo, mais um mês e meio desta forma, nós vamos chegar a menos 5%, 6% que era do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil e a Prefeitura e Estado vai junto, a vantagem do Paraná é ter o agronegócio”, avaliou.

Questionado sobre as medidas já anunciadas pela Prefeitura de Londrina, o professor avaliou como positiva a busca pela retomada das atividades mediante uma série de cuidados. Já sobre o impacto no agronegócio, característica da região, Sesso Filho avaliou que o setor também poderá sentir um impacto, o que seria menor e mais diretamente nas empresas fornecedoras de alimentos prontos por conta da queda de um dos principais pilares do crescimento econômico: a demanda das famílias.

“Pegando agronegócio de forma geral, o impacto vai ser menor, porque a gente tem as exportações, acredito que vão continuar funcionando. Então 15 dias parados não vai ter um efeito tão grande anual e também os supermercados, padarias estão funcionando, mas ele vai sofrer indiretamente. Apesar que os supermercados estejam contratando, a parte de alimentos, mas os setores que fornecem vão ser prejudicados”, afirmou.