O Banco Central foi obrigado a leiloar dólares novamente ontem para evitar crise no câmbio. Estimativas apontam para a venda de US$ 1 bilhão. A divulgação de dados errados sobre a saída de dólares do País e outros boatos criaram incertezas no mercado. Logo pela manhã, o mercado de câmbio abriu nervoso com a informação incorreta de que na véspera US$ 744,7 milhões haviam abandonado o País. Esse seria um sinal de que, após sete leilões de dólares da terça-feira, o BC não havia vencido a especulação no câmbio. A notícia provocou aumento na procura pelo dólar.
Para evitar que o preço do dólar superasse a minibanda (os limites para a cotação) do câmbio, o BC abriu às 9h48 um leilão de dólares para satisfazer o mercado e deixar a cotação sob controle. O BC fixou oferta mínima de US$ 10 milhões - 20 vezes o valor usual em um dia tranquilo. Pouco antes do primeiro leilão de dólares, o BC já telefonava para agências de notícias para corrigir a informação sobre a saída no mercado de taxas livres. Segundo o BC, algumas empresas que haviam fechado contratos na véspera comunicaram tardiamente o cancelamento das operações. Assim, a saída de dólares teria ficado restrita a apenas US$ 135,7 milhões, em vez dos US$ 744,7 milhões anunciados.
Um segundo leilão foi aberto às 10h58. O nervosismo, agora, explicava-se por boatos sobre a piora na nota que o Brasil recebe das instituições internacionais de avaliação de risco. É com base nesta nota que os investidores decidem se aplicam ou não dinheiro no país. No final da manhã, o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes Madureira de Pinho Neto, telefonou para o diretor da Moody’s Greg Baurer, que desmentiu a baixa na nota de classificação do Brasil.
Outro boato, negado pelo BC, dava conta que o Brasil estivesse usando intermediários para recomprar títulos de sua dívida externa, com o objetivo de estancar a queda dos papéis brasileiros no exterior. Apesar dos desmentidos, o BC foi obrigado a duas novas ofertas de dólar, uma às 16h05 e outra às 16h28.