Clóvis Rossi
Agência Folha
De Davos
Autoridades dos três principais países latino-americanos (Argentina, Brasil e México) rejeitaram ontem a hipótese de dolarização de suas economias, ao contrário do que fez o Equador. O rechaço surgiu em consequência de pergunta de Kenneth Clarke, ex-ministro britânico de Finanças, hoje deputado, a respeito da dolarização equatoriana, em almoço sobre o panorama econômico da América Latina.
A pergunta, partindo de uma personalidade como Clarke, mostra que há uma certa expectativa de que o Equador possa servir de modelo para os demais países latino-americanos.
‘‘A dolarização (no Equador) certamente não resolverá os problemas, se não forem atacadas as causas profundas’’, respondeu Guillermo Ortiz, presidente do Banco Central do México. Para Ortiz, a causa dos problemas equatorianos é política.
Armínio Fraga, presidente do BC do Brasil, considerou a dolarização uma solução emergencial: ‘‘Não é provável que seja adotada em outros casos’’.
O ministro argentino da Economia, José Luiz Machinea, admitiu que ‘‘há muita gente na Argentina falando em dolarização’’, mas afastou a hipótese completamente. ‘‘A dolarização equivaleria a explodir o Mercosul e nós não queremos isso’’, argumentou. Machinea aproveitou para cobrar de Fraga uma valorização do real, que ajudaria a economia argentina, ao tornar mais baratas as exportações para o Brasil e mais cara a importação proveniente do Brasil. Fraga comentou, em voz baixa: ‘‘Isso é o mercado que resolve’’.