A TCGL (Transporte Coletivo Grande Londrina) decidiu suspender os contratos de pelo menos 150 dos quase mil funcionários após a queda na atividade econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. A empresa já chegou a ter cerca de 1700 colaboradores no quadro de funcionários e é responsável pelo transporte coletivo em 65% do território londrinense.

Imagem ilustrativa da imagem Justiça impede suspensão de 150 contratos de funcionários da TCGL

De acordo com o presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina), João Batista da Silva, a suspensão atingiu majoritariamente os motoristas, porém funcionários do atendimento nas lojas, porteiros e responsáveis por outras funções também foram afetados. “Eles foram chamados para ir lá e assinar um termo de acordo. Acordo entre aspas porque assina ou assina. Ele permanece com o vínculo para receber apenas o vale alimentação, que é uma conquista sindical, mas se o cara não assinar ele pode ser demitido”, afirmou.

A suspensão dos contratos e, consequentemente, do pagamento dos salários por até quatro meses passou a ser permitida a partir da publicação da Medida Provisória 927 na manhã desta segunda-feira (23). No entanto, após o grande clamor popular e de partidos de oposição, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a revogação do artigo que permitia a suspensão dos contratos.

No início da tarde desta quinta-feira (26), uma assembleia foi realizada no Sinttrol e contou com a presença de profissionais da categoria. No entanto, no início da noite, uma decisão em caráter liminar, ou seja, que pode ser anulada, restituiu os profissionais aos postos de trabalho. A liminar foi expedida pela juíza da 7ª Vara do Trabalho de Londrina que estipulou multa diária de R$ 2 mil por trabalhador em caso de descumprimento da decisão.

A TCGL informou que só iria se manifestar sobre o assunto nesta sexta-feira.

Questionada, a Londrisul afirmou que ainda não estão ocorrendo demissões em razão dos efeitos da pandemia sobre as atividades da empresa, o que não está descartado se a queda no número de passageiros persistir. Segundo o Sinttrol, cerca de 30 funcionários da Londrisul que estavam com os contratos de experiência próximos do vencimento teriam sido dispensados.

No entanto, de acordo com a assessoria de comunicação da Londrisul, que tem 35% de participação no setor na cidade, 19 motoristas foram dispensados nestas condições.

Questionado qual solução poderia contentar ambas as partes pelo menos por enquanto, João Batista da Silva mencionou uma diminuição salarial para todos os trabalhadores. "Essa diminuição ficaria como crédito dos empregados para receber depois a título de abono. Não é possível que somos tratados como categoria essencial na hora de greves por reajuste salarial e na hora de uma situação como essa somos tratados dessa maneira”, lamentou.