O Ministério Público do Paraná está encontrando dificuldades nas investigações que envolvem chamado "Clube dos 60", num golpe contra o ICMS, que desviou R$ 8 milhões dos cofres públicos do Estado. A 3ª Vara Criminal de Justiça Estadual não permitiu a quebra de sigilo de várias empresas e factorings envolvidas no escândalo. O pedido já foi repetido por três vezes pelo Ministério Público, que ainda patrocina um recurso contra a decisão.


O nome das empresas envolvidas não pode ser divulgado pela Folha em razão da lei do sigilo bancário. Relatório do Banco Central (BC) fez um rastreamento que demonstrou que o dinheiro desviado do ICMS passou pelas contas bancárias dos envolvidos na quadrilha do ICMS e foi parar em outras contas de pessoas jurídicas e físicas. Grande parte dos recursos está depositado em contas bancárias no exterior, segundo rastreamento feito pelo BC.


O "Clube dos 60" envolve, segundo a polícia, 27 empresas que chegaram a receber 60% do valor repassado à quadrilha para a quitação de débitos com o ICMS. Como a quitação era apenas contábil, feita com a conivência de funcionários do Banestado e da Receita, os outros 40% serviam de remuneração da quadrilha.
O Ministério Público acredita que além dos envolvidos na quadrilha, há outras pessoas que participaram do golpe. As investigações nas contas bancárias dos envolvidos na quadrilha, que tiveram o sigilo quebrado, demonstram que grande parte dos recursos não está nas contas dos que tiveram sua prisão preventiva decretada pela justiça.


Os integrantes da quadrilha foram presos pela Justiça Estadual, mas em seguida foram liberados pelo Tribunal de Justiça. Foram novamente detidos, mas desta vez por ordem da Justiça Federal. O caso está também sendo investigado pela Procuradoria da República, porque o grupo desviou dinheiro de impostos do INSS e da Receita Federal.


Desde que o caso foi descoberto pela Receita Estadual, 27 pessoas e empresas foram denunciadas por participação no golpe. Apenas cinco envolvidos estão presas. Eles são acusados de pertencer à quadrilha do golpe.