Agência Folha
De São Paulo
O Federal Reserve (banco central norte-americano) anunciou ontem a tão aguardada alta nas taxas de juros, elevando-as de 5,5% para 5,75% anuais – o maior valor em quatro anos. Segundo o relatório divulgado pelo comitê de política monetária do Fed, ‘‘o aumento na demanda ainda continuará a exceder o crescimento da oferta, mesmo levando-se em conta a alta na produtividade. Como resultado, os riscos de pressões inflacionárias ainda são altos em um futuro próximo’’. Para o mercado, o relatório deu sinais claros de que mais um aumento ocorrerá em março.
As taxas de juros atuam como um mecanismo capaz de regular o crescimento da economia e o fluxo do capital a ser aplicado nas Bolsas de Valores. Isso explica por que seu valor causa repercussão. A alta de 0,25 ponto percentual nas taxas norte-americanas é um sinal de que o Fed achou necessário conter gradualmente a expansão dos Estados Unidos, que entrou nesta semana em seu 107º mês de crescimento contínuo. ‘‘O Fed optou por uma freada gradual. Na minha opinião, ele parece estar seguindo o mercado, em vez de guiá-lo’’, afirmou Richard Babson, presidente da consultoria Babson-United Investment Advisors, de Nova York. ‘‘Já prevíamos essa correção e estamos projetando outra’’, disse Trude Latimer, estrategista de mercado.
A Bolsa de Valores de São Paulo manteve-se em alta durante todo o pregão de ontem, mas deu uma arrancada no final e fechou com alta de 2,09%, em 16.868 pontos. A alta da Bolsa no final do dia, após o anúncio de que o juro básico norte-americano subirá 0,25 ponto percentual, foi puxada pelo índice futuro, numa aposta de que o mercado acionário ganhará fôlego nos próximos dias.
Mas a tendência é que os mercados, tanto nos EUA quanto no Brasil, continuem voláteis. O Fed elevou o juro básico em 0,25 ponto, como se esperava, mas o discurso de Alan Greenspan deixou claro que novas altas virão, já que a forte demanda na economia cria condições para a inflação. Embora o Fed tenha acabado com a prática de divulgar o chamado viés (de alta, baixa ou neutro ou sem tendência), o discurso deixou claro que é de alta. Com essa perspectiva, o mercado passará a especular sobre quanto os juros terão de subir para arrefecer o ritmo da economia norte-americana, o que se traduz em instabilidade.Bovespa subiu após o anúncio. Alta de 0,25 ponto percentual ficou dentro das expectativas
Arquivo FolhaSINAL DE ALERTAAlan Greenspan, presidente do Banco Central dos Estados Unidos, deixou claro que novas altas virão, já que a forte demanda na economia cria condições para a inflação