Embora Londrina e Região contem com uma grande comunidade nikkey, os negócios entre empresas japonesas e aquelas da região ainda não atingem todo o seu potencial. Aspectos como a língua e diferenças culturais, políticas e econômicas representam barreiras para contatos comerciais entre os países. No entanto, existe grande sinergia entre os negócios brasileiros e japoneses, dizem empresários.

Nesta última sexta-feira (7), uma comitiva de empresários japoneses esteve em Londrina para uma rodada de negócios, apresentação de produtos e serviços e troca experiências com empresários londrinenses. O evento foi realizado pelo Integranikkey e pela Jica (Japan International Cooperation Agency).

As doze empresas japonesas que estiveram na cidade visitaram empresas londrinenses e fizeram contato com empresários da cidade. Cerca de 65 empresários londrinenses se inscreveram para a rodada de negócios.


Uma das empresas japonesas era a Agritree, que desenvolveu uma tecnologia chamada Solar Sharing, de placas de geração de energia fotovoltaica para a agricultura. A tecnologia garante o crescimento normal das plantas, mesmo com a instalação de placas solares, por elas ocuparem apenas 30% do espaço do campo. "Fazemos o aproveitamento dos raios solares que as plantas não utilizam para fazer a fotossíntese", explica Koji Nishi, diretor presidente da empresa.

Shigueru Taniguti Junior, diretor presidente da Bratac, afirma que a solução tem interface com o seu negócio, de produção de seda. "Temos 2,6 mil famílias produzindo bicho da seda. São mais de 5 mil hectares. Se pudermos usar 70% para gerar energia solar, sem prejudicar a atividade principal, talvez seja um negócio muito importante."


Takahiro Harada veio apresentar o Liberty Himawari, um aparelho automático de tratamento de dejetos de sua empresa de equipamentos de cuidado e assistência a idosos. O produto é acoplado ao corpo do idoso e possui um sensor que identifica a defecação ou micção e desencadeia um processo de aspiração, lavagem e secagem automática. "A população japonesa vem envelhecendo. Por causa disso, um dos problemas maiores tem sido cuidar do idoso e a falta de mão de obra ", diz Harada. Para ele, o Brasil é um mercado potencial, pois está próximo de sofrer com o processo de envelhecimento da população.

Segundo Luciano Matsumoto, membro do Comitê Gestor do Integranikkey, a vinda dos comitês de empresas japonesas a Londrina costumam acontecer anualmente, mas dificilmente esses contatos se transformam em um relacionamento mais duradouro e em parcerias efetivas. Enquanto os brasileiros gostam de negócios mais diretos, com os japoneses, a relação precisa ser diferente. "Tem que ter um 'namoro', uma conquista de confiança para aí sim começar a pensar em fazer negócios. Viemos fazer um trabalho no sentido de esclarecer melhor para os londrinenses a forma de fazer negócio dos japoneses para quebrar essas barreiras."


Eduardo Tominaga, diretor regional da Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná, afirma que o contato da região com empresários japoneses através de missões acontece há muitos anos. Mas a distância, as diferenças culturais, políticas e econômicas tornam mais difíceis as parcerias. Por outro lado, cresce o interesse de pequenas e médias empresas de interagir com a região. "Entendemos que estamos em um momento muito importante. Temos que fazer nossa parte de receber bem e mostrar que temos grande capital humano e potencial."

Takeshi Matsunaga, da empresa japonesa Idrasys, de serviços de IA (Inteligência Artificial), reconhece as diferenças culturais mas acredita que a relação entre os países tem potencial. "A cultura é muito diferente, mas temos boas relações entre o Japão e o Brasil. A cultura tecnológica é bastante diferente, mas podemos combinar nossas tecnologias para fomentar a inovação."