Otávio Magalhães/AE
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Batendo o marteloO vice-presidente do Itaú, Olavo Franco Bueno; Márcio Fortes; o presidente da Bolsa, Fernando Optis; secretário da Fazenda do Rio, Marco Aurélio Alencar; o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente; e o leiloeiro Alexandre RunteO Banco Itaú comprou ontem o Banco Banerj S.A. por R$ 311,1 milhões, em leilão na Bolsa de Valores do Rio. Foi a primeira privatização de um banco estadual no Brasil. Para o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, a venda será exemplo para outras privatizações de instituições bancárias.
O Itaú foi o único candidato a apresentar proposta, e o preço foi 0,35% acima do mínimo de R$ 310 milhões. O pagamento poderá ser feito integralmente em ‘‘moedas podres’’ (títulos de dívidas públicas). Segundo as normas que regem o negócio, o Itaú terá que manter a marca Banerj por, no mínimo, dois anos. O Banerj continuará recebendo o pagamento de impostos e contas estaduais e servindo de caixa para pagar salários do funcionalismo. O banco privatizado tem 1,7 milhão de correntistas.
Para realizar a privatização, o antigo Banerj foi dividido em dois: o Banco do Estado do Rio de Janeiro, que ficou com as dívidas e está em liquidação, e o Banco Banerj S.A., que foi vendido ontem. O pagamento do negócio está condicionado à aprovação, pela Assembléia Legislativa, de um projeto do Executivo definindo as regras de uso do empréstimo de R$ 3,088 bilhões feito pela CEF (Caixa Econômica Federal) ao Estado.
Esse empréstimo só poderá ser usado para pagar dívidas do Banerj com o fundo de pensão dos funcionários (Previ-Banerj) e outros débitos do banco. O secretário estadual da Fazenda do Rio, Marco Aurélio Alencar, disse que o projeto seria encaminhado ontem e asseguraria que o governo do Estado não usará esse dinheiro para outros fins.
O leilão do Banerj foi realizado na modalidade de entrega de envelopes fechados pelos candidatos e durou apenas três minutos, de 14h39 a 14h42. O representante do Itaú entregou a proposta no último segundo antes do fim da licitação.
Dos quatro pré-identificados para o leilão, apenas o Itaú, representado por sua própria corretora, e o Banco Pactual, representado pela corretora Ativa, foram ao pregão da Bolsa do Rio. Bradesco e BCN não mandaram representantes.
O Banerj foi privatizado após duas tentativas frustradas em dezembro do ano passado e depois de uma espera de nove dias, iniciada no último dia 17. Desde esse dia, a Bolsa do Rio ficou permanentemente de prontidão, a um custo aproximado de R$ 65 mil por dia útil.
Os empregados do Banerj, que há duas semanas iniciaram uma batalha de liminares e manifestações de rua para tentar impedir o leilão, ontem, fizeram apenas greve em algumas agências e uma pequena concentração em frente à Assembléia Legislativa. Alguns choraram quando souberam que a venda fora concretizada. O governador Marcello Alencar (PSDB) disse que dava ‘‘graças a Deus’’ pelo fim da ‘‘novela’’ do Banerj. ‘‘No começo, parecia que vinham 20 ou 30 concorrentes’’, afirmou o governador, que voltou a responsabilizar o Sindicato dos Bancários, contrário à privatização.