Investidor aposta no Brasil
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sábado, 10 de novembro de 2001
Agência Estado<br>De Brasília
A piora no cenário internacional, consequência do ataque terrorista de 11 de setembro aos Estados Unidos, não interrompeu o ingresso de investimentos estrangeiros diretos no País. A equipe econômica comemora a entrada de US$ 1,3 bilhão em outubro, justamente o período em que se acreditava que teria um impacto maior da crise externa.
''Esse resultado de US$ 1,3 bilhão ficou muito próximo ao de setembro, quando os investimentos diretos somaram US$ 1,4 bilhão'', diz o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
No acumulado do ano, os investimentos diretos já somam US$ 16,5 bilhões. Apesar do desempenho ao longo de 2001 ser bastante inferior às cifras registradas no ano passado, quando o Brasil recebeu US$ 30 bilhões em investimentos diretos, a avaliação é de que o número é bastante satisfatório. Se for levado em conta que se trata de operações programadas que não sofrem impacto imediatamente, o resultado de outubro um mês depois do ataque aos Estados Unidos ganha mais importância para os técnicos do governo do que o de setembro.
''Apesar dos números terem caído dos US$ 30 bilhões do ano passado, os investimentos têm mostrado uma resistência'', comenta o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Daniel Gleizer. ''Está ficando cada vez mais claro que os fluxos continuam positivos'', afirma uma fonte do governo.
Com os US$ 16,5 bilhões, o Brasil precisa registrar cerca de US$ 1,2 bilhão neste mês e em dezembro para atingir a projeção do Banco Central de encerrar 2001 com um total de US$ 19 bilhões. Esse dinheiro financiará apenas uma parte do déficit nas contas externas, que deverá fechar o ano em US$ 23,7 bilhões, segundo os cálculos do governo.
A confirmação do resultado favorável de outubro vem num momento de euforia no mercado financeiro e engrossa a safra de boas notícias que está ajudando na apreciação do real frente ao dólar. Ainda assim, a avaliação de representantes do governo é de que ainda é cedo para afirmar que o cenário dos últimos dias sustentará a retomada da trajetória de queda nos juros, suspensa desde o início do ano. Segundo uma fonte da equipe econômica, não se pode garantir que a apreciação verificada no câmbio nos últimos dias se manterá independente dos desdobramentos da reestruturação da dívida argentina.