Motoristas do transporte de cargas e autônomos que atuam através de aplicativos deixaram o Pool de Combustíveis na tarde desta sexta-feira, após quatro dias de manifestações em Londrina e outros municípios do País. A reportagem retornou ao local e constatou que caminhões estavam sendo abastecimento normalmente, o que tornou o risco de desabastecimento das bombas em municípios da região de Londrina menor na comparação com a última greve nacional dos caminhoneiros. O setor de combustíveis obteve vitórias na Justiça contra as manifestações que ocasionaram a interrupção do abastecimento, nesta quinta (4) e sexta-feira (5), porém sem reduzir o ímpeto do grupo que encabeça os protestos. Enquanto isso, na Bolsa de Londres, uma disparada do preço do barril de petróleo ligou o alerta sobre um novo reajuste de preços nas refinarias.

Imagem ilustrativa da imagem Interferência da Justiça reduz mobilização no Pool de Combustíveis
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

Logo no início da tarde desta sexta-feira, o fluxo de veículos abastecendo no Pool de Combustíveis era considerado tranquilo, diferentemente do que foi registrado no dia anterior. Houve nova concentração de manifestantes na PR-445, sentido Cambé, porém sem o bloqueio da pista.

Mais cedo, a juíza Camila Tereza Gutzlaff Cardoso atendeu a um pedido da rede de combustíveis Ipiranga e determinou a liberação do fluxo de veículos no Pool de Combustíveis. O interdito proibitório emitido no plantão judiciário por Cardoso também estabeleceu multa diária de R$ 20 mil, no entanto sem identificar quem eram os organizadores das manifestações. A reportagem não conseguiu confirmar se algum manifestante foi encontrado por um oficial de Justiça e notificado da decisão.

Outra vitória do setor veio com a liminar obtida pela Paranapetro (Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniências do Estado do Paraná) expedida pelo juiz Aurênio José Arantes de Moura, o que também se repetiu na região de Maringá, informou o sindicato.

Motorista autônomo e um dos participantes do protesto, Vinicius Cedro disse à reportagem que o grupo não deixaria de fazer novas manifestações ao longo da noite sexta-feira em Londrina. E também confirmou que o grupo está ciente do “risco” de haver novo reajuste dos preços.

Reajuste

O clima de tensão sobre nova alta dos preços surgiu após a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados) anunciar que a oferta da commodity não deve atingir a casa dos 500 mil barris por dia, índice de produção tradicionalmente registrado no mês de abril. Pelo contrário. A estimativa para abril foi de não mais do que 150 mil barris por dia, frustrando as expectativas do mercado.

A reação à notícia fez o barril usado como referência pela Petrobrás - Brent - subir 3,66% às 16h35 desta sexta-feira após fechamento com 4,17% de alta no dia anterior. Com a pressão externa e o provável aumento da defasagem dos preços na moeda brasileira somadas às incertezas internas, como as novas diretrizes que serão colocadas em prática pela nova diretoria da Petrobrás, a expectativa de entidades como a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) é de que novos reajustes sejam anunciados em breve.