Instituto mantém previsão de crescimento
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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005
Nilson Brandão Junior<br>Agência Estado
Rio - Apesar das sucessivas altas dos juros, o Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu manter a projeção de crescimento de 4% para a economia brasileira este ano. Na avaliação do grupo de conjuntura do IE, a alta da Selic vai ser compensada pelos efeitos positivos na atividade da construção civil, massa salarial e microcrédito, além do cenário internacional, ainda favorável.
A avaliação é de que o ciclo de alta dos juros vai se prolongar mais do que o esperado, mas deve começar a ser revertido já no segundo trimestre, entre maio e junho, segundo o coordenador do grupo de conjuntura do IE, Antonio Licha. Esta projeção leva em conta a expectativa de que a inflação cederá a partir de abril.
Pelas simulações do grupo, o impulso inflacionário causado desde o ano passado pelo choque de preços das commodities deverá terminar dentro de dois meses. ''Achamos que não temos ainda pressão de demanda (para a inflação), mas de custo, a partir dos produtos industriais no atacado para os preços ao consumidor'', comentou Licha. No ano passado, produtos cotados internacionalmente, como aço e derivados, tiveram fortes altas.
Com isso, os economistas do grupo acreditam que o ciclo de altas dos juros possa se inverter mais cedo do que o esperado no mercado - grande parte das apostas indica que a alta de juros seria interrompida e substituída por quedas só no segundo semestre. Na avaliação do economista-chefe da LCA Consultores, Luis Suzigan, depois de aguardar os efeitos das altas dos juros, o BC poderia retomar os cortes da Selic do terceiro para o quatro trimestre.
''O ciclo de altas está se prolongando por um período maior do que imaginávamos, mas alguns fatores estão jogando positivamente e por isso acabamos não alterando a projeção'', diz o professor do IE Francisco Eduardo Pires de Souza. Na visão do grupo de conjuntura, a indústria deve crescer 5% este ano e a agricultura, 3,5%.
A construção civil continuará avançando e deve ser um dos destaques de 2005, com influência positiva sobre os investimentos. O crédito também tem estimulado a economia, com medidas como o desconto em folha. Pires de Souza também argumenta que a economia internacional não deve desacelerar como projetado, o que provoca impacto positivo nos setores ligados ao mercado externo.