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Economia 5m de leitura

Instalação de ILS não está no foco neste momento, diz CCR

Grupo que irá administrar o aeroporto de Londrina tem 36 meses para instalar ferramenta de segurança; empresas aéreas cobram equipamentos

ATUALIZAÇÃO
04 de fevereiro de 2022

Simoni Saris - Grupo Folha
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Instalação de ILS não está no foco neste momento, diz CCR

A necessidade de investimento em equipamentos que aumentem a segurança aeroportuária no Aeroporto Governador José Richa, em Londrina, veio à tona mais uma vez nos últimos dias. Na noite de quinta-feira (27), um avião da companhia aérea Azul que havia decolado de Campinas (SP) não conseguiu pousar no terminal do Norte paranaense em razão das condições meteorológicas desfavoráveis. O voo teve de alternar a rota e pousar no Aeroporto Regional de Maringá (Noroeste), a cem quilômetros de distância. Os passageiros completaram o trajeto até Londrina por via terrestre. 

Em nota enviada pela assessoria de imprensa da Azul, a empresa reforçou que ações como essa são necessárias para garantir a segurança de suas operações. A companhia ressaltou ainda que solicita um investimento por parte da administradora aeroportuária na melhoria da operacionalidade do aeroporto de Londrina, com a instalação de ferramentas como o ILS e ALS, que auxiliam os pousos em situações climáticas adversas. “Sem esses equipamentos e com a degradação da meteorologia em Londrina, principalmente nos meses de inverno, a Azul se vê obrigada a cancelar voos por questões de segurança operacional, valor inegociável na empresa”, destacou a companhia na nota. 

  

O Aeroporto Regional de Maringá já tem instalado o ALSF, uma derivação do ALS citado pela Azul. O instrumento consiste em um sistema de luzes que auxilia o piloto a alinhar a aeronave com o eixo da pista na sua aproximação final para o pouso. O ILS, informou o diretor de Operações do terminal maringaense, Murilo Jordan Martins, está previsto para ser instalado no segundo semestre de 2022.   

No contrato firmado entre o governo federal e a CCR Aeroportos, grupo que arrematou o Lote Sul no leilão para concessão de aeroportos à iniciativa privada, realizado em abril do ano passado, está expresso que a infraestrutura aeroportuária do terminal de Londrina deverá possibilitar a operação de aproximação de precisão Categoria I diurna e noturna, o ILS CAT I. O documento estabelece prazo de 36 meses para a instalação da ferramenta. Junto com o ILS deverá ser instalado também o ALS. 

Questionada pela reportagem sobre esse prazo, a CCR Aeroportos respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que a concessionária ainda está na fase de cumprimento de obrigações contratuais e transição operacional, onde os terminais continuam administrados pela Infraero, como é o caso de Londrina. Neste momento, informou a empresa, o foco é a contratação e preparação das equipes e levantamento da situação atual de cada aeroporto para que a transição operacional seja realizada de forma a garantir a segurança e o conforto de todos os passageiros e usuários do terminal. 

Criador da Comissão de Desenvolvimento e Infraestrutura de Londrina e Região, o deputado estadual Tiago Amaral (PSB) lembrou que o grupo tem acompanhado com muita atenção a questão da instalação do ILS e da ampliação da pista do aeroporto de Londrina desde que o terminal estava sob a administração da Infraero. “Esses projetos estão prontos e, com certeza, devem ter sido repassados à concessionária para que ela os execute. Nós esperamos que ela (CCR Aeroportos) cumpra esse contrato em relação ao ILS e entregue um aeroporto minimamente melhor ou igual ao que foi projetado.” 

ILS não é ‘milagroso’, PONDERA especialista 

Especialista em construção de aeroportos e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UEL (Universidade Estadual de Londrina), André Silvestri discorda do argumento utilizado pela Azul, de que o aeroporto de Maringá teria melhores condições de segurança. “O aeroporto de Londrina é maior e mais atual que o de Maringá. A pista de Maringá foi ampliada, é melhor em termos de comprimento, mas Maringá não tem o ILS. Em termos de segurança, não vejo problemas em nenhum dos dois, senão, não poderiam operar”, afirmou.

O fato de as aeronaves terem mais facilidade para pousar em Maringá, acredita Silvestri, se deve mais a fatores climáticos do que tecnológicos. “Ainda não vejo diferenças significativas em equipamentos de segurança e navegação aérea”, destacou o especialista.  

Silvestri ressaltou ainda que o ILS auxilia pousos e decolagens em condições meteorológicas ruins, mas que não é “milagroso”. “As pessoas acham que instalando o ILS acabam os problemas, mas não é isto.” 

Há três categorias de ILS. O ILS CAT I, que deverá ser instalado no aeroporto em Londrina, permite pouso com altura de decisão de 60 metros e visibilidade entre 800 e 550 metros. Se o teto (altura das nuvens) estiver abaixo de 59 metros ou se o nevoeiro estiver mais denso e não permitir enxergar dentro da faixa de 800 e 550 metros, mesmo com o ILS, não será possível pousar.   

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