Diego Pavani, da Linea Brasil: olhar atento para o mercado mundial de tecnologia e gestão
Diego Pavani, da Linea Brasil: olhar atento para o mercado mundial de tecnologia e gestão | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

A crise econômica fez a produção moveleira cair 7,3% no Estado entre 2015 e 2016, mas a Linea Brasil conseguiu um crescimento de 2% no mesmo comparativo. A indústria de Arapongas é um exemplo regional de empresa que inovou em processos, para abrir os horizontes para novos produtos e tecnologias, mas também como forma de ganhar competitividade, que é o foco da Bússola da Inovação 2019, divulgada na última quarta-feira (30) pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).

Com a implementação de novos processos internos e de gestão, a indústria obteve redução no desperdício, nos custos e passou a desenvolver melhor funcionários para atuação integrada. "Nossos ganhos foram grandes, com redução das aparas de corte em 30%, e imagine quanto isso significa em R$ 4 milhões em compra de materiais ao ano, além de um projeto de redução de 97% em defeito em um equipamento", diz o coordenador de WCM (Manufatura de Classe Mundial, na sigla em inglês) da Linea, Diego Henrique Correia Pavani.

Outra vantagem foi o ganho de produtividade profissional. “Em 2015 eram 500 funcionários e hoje são 460, com o mesmo volume de produção e um mix maior de produtos”, cita Pavani. Ele conta que o salto tecnológico foi possível a partir do momento em que a diretoria decidiu olhar não apenas para a atividade moveleira, mas para o mercado mundial de tecnologia e gestão.

Fomentar essa visão é o que busca a Fiep com a Bússola da Inovação, diz o presidente da entidade, Edson Campagnolo. O estudo mostrou certa estagnação na quantidade de empresas que criaram soluções inovadoras, em parte justamente pelas incertezas e dificuldades na economia nos últimos cinco anos. Por exemplo, o percentual de empresas que fizeram uma melhoria significativa ou criaram novos produtos foi de 57% e 55%, respectivamente, na edição anterior, de 2017. No levantamento deste ano os índices foram de 57% para ambos, conforme a Fiep.

Da mesma forma, a evolução entre 2017 e 2019 para a melhoria em processos produtivos foi de 48% para 49% e a adoção de novas formas de fabricação passou de 38% para 41% dos entrevistados. Parte da explicação é justamente a crise econômica, que fez, por exemplo, com que menos pessoas buscassem recursos externos para projetos inovadores, que dependeram mais do capital próprio.

PERFORMANCE

A quantidade de indústrias paranaenses que buscaram recursos externos para projetos inovadores caiu de 41% em 2017 para 33% em 2019. Destas, 24% usaram fontes privadas, 17% captaram em públicas e 5%, em capital de risco. A soma de 33% é menor do que a das três formas porque um mesmo projeto pode ter recursos com origens diferentes. “A performance das indústrias neste quesito confirma que encontraram barreiras para acessar crédito e que a maioria não atende às exigências impostas por instituições financeiras e agências de fomento. E isso pode limitar o investimento em ações inovadoras e comprometer os resultados”, diz a gerente executiva do Observatório Sistema Fiep, Marília de Souza.

O lado bom é que apenas 10% dos respondentes disseram que não buscaram financiamentos para inovações por pendências financeiras ou jurídicas. A burocracia (34%), o descontentamento com prazos, juros e formas de pagamento (34%) e o desconhecimento sobre editais de fomento (33%0 foram os principais motivos.

Por isso, o presidente da Fiep prefere enaltecer a disposição do empresário paranaense em fazer o dever de casa. “As empresas contam com ótimas iniciativas internas, mas cada projeto demanda um certo investimento e muitas empresas ficaram limitadas e deixaram de implementar inovações na velocidade necessária”, diz Campagnolo. “Talvez não seja na velocidade ideal, mas é importante que não deixem de inovar”, completa.

PRIMEIRO PASSO

O coordenador de WCM da Linea afirma que o início foi a descoberta de que as inovações são divididas em disruptivas, que são novos produtos que quebram padrões, ou as incrementais, que são aos poucos. “É um processo. Com as incrementais, inovamos em processos internos para, depois, fazer as disruptivas”, conta Pavani.

Assim, a expectativa é corrigir eventuais problemas e aumentar a capacidade produtiva antes de, por exemplo, pensar em expandir o negócio. No futuro, ele diz que espera entrar na era da indústria 4.0. “Temos todo o chão de fábrica integrado ao sistema de gestão empresarial. Com sensores, temos informações em tempo real que nos ajudam até a compor os custos da empresa”, cita o coordenador.

O segredo, diz, é não parar. “Estamos pensando em tecnologias disruptivas, mas não a ponto de implantá-las ainda.”

METODOLOGIA

Participaram desta edição da Bússola da Inovação mais de 900 empresas de 21 segmentos industriais, das quais 81% são de micro ou pequeno porte, distribuídas entre 113 municípios do Paraná. Na pesquisa de 2017 foram 503 respondentes, entre os quais 78% representavam micro e pequenas empresas.