O Teca (Terminal de Carga) do Aeroporto Governador José Richa, em Londrina, está a poucos passos da privatização. A Infraero fez a licitação para concessão das operações de carga no dia 25 de janeiro e está na fase de homologação do resultado e análise da documentação do vencedor. O processo faz parte do novo modelo logístico adotado pela estatal desde o ano passado.
A Infraero não comenta a licitação, mas informa, por meio da assessoria de imprensa, que a movimentação do Teca de Londrina foi ampliada e vem se consolidando desde 2014, com o incentivo da própria estatal e de empresários e associações locais. "No entanto, ainda há grande margem para se explorar produtos e serviços em soluções logísticas. O novo concessionário privado poderá e deverá ampliar a utilização deste potencial", diz a assessoria.
Os profissionais de comércio exterior acreditam que a concessão das operações trará mais agilidade e mais investimentos ao Teca. "O modelo de privatização é interessante. A iniciativa privada poderá fazer o que o governo não faz, mas o giro de carga precisa estar estável", comenta Tiago Augusto Lippi Garbin, sócio-gerente da AT Consultoria em Comércio Exterior.
A diretora operacional da TepComex Assessoria e Consultoria em Comércio Exterior, Karina Turbay Schnaid, afirma que "espera melhorias significativas" com o novo modelo.
Para o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Cláudio Tedeschi, a concessão impulsionará a economia da região. "Viabilizar o crescimento do Teca é um fator positivo em termos econômicos. A privatização deve acelerar esse crescimento", diz Tedeschi.
O terminal de Londrina funciona como um porto seco para desembaraço de cargas importadas via o Porto de Paranaguá e tem pouquíssima movimentação de exportação e via aérea. O volume de cargas também não é expressivo. Algumas empresas de comércio exterior preferem usar os terminais aéreos de Guarulhos (SP) e Viracopos (em Campinas) ou levarem por rodovia as cargas ao Porto de Paranaguá.
Nos últimos três anos, a movimentação do Teca tem flutuado perto da estabilidade. Em 2015, foram 1.386 toneladas e, em 2016, 1.218,3 toneladas. Já no ano passado, foram 1.493,7 toneladas. O primeiro bimestre deste ano está fraco, com uma queda de 38,05% em comparação com o mesmo período de 2017. O segmento de calçados e bolsas é uns dos principais importadores.

Imagem ilustrativa da imagem Infraero privatiza terminal de cargas de Londrina



FALTA COMPETITIVIDADE
Garbin afirma que prefere fazer a liberação da carga direto em Paranaguá, pois considera que o Teca não é competitivo. "A empresa precisa analisar o trânsito aduaneiro, ver se compensa trazer pelo Teca. Uma carga de 100 quilos, por exemplo, você consegue trazer por transportadora de carga fracionada. Mas a carga aduaneira só pode vir por contêineres cheios. Outra questão é o tamanho do terminal. Ele é muito pequeno e, por isso, precisamos trabalhar com agendamento antecipado e os clientes antigos têm preferência em relação aos novos", comenta Garbin.
Ele acredita que essas limitações colaboram para o subaproveitamento do terminal. Diz ainda que o local tem restrição para manobra de contêineres e o espaço para armazenagem coberta também é limitado, o que reflete em mais custos para as empresas que precisam cobrir os contêineres até a liberação da carga. "Essas questões fazem com que os clientes que atendemos prefiram desembarcar no Porto de Paranaguá ou em Curitiba", explica Garbin.

MAIS RÁPIDO
Já Karina Schnaid acredita que, mesmo com as limitações do terminal, ainda vale a pena trazer a carga via rodoviária para liberação em Londrina. "O Teca não tem uma movimentação muito grande e mesmo que tenha todas as exigências da Receita Federal é mais ágil por aqui do que por Paranaguá", afirma.
Ela explica que uma mercadoria que entra pelo canal vermelho (na fiscalização aleatória de contêiner em Paranaguá) pode aguardar até 20 dias para ser liberada. Em Londrina, esse trâmite demora de sete a dez dias, segundo ela.
Por outro lado, para as cargas com ciclo de liberação automático, ressalva a diretora, é preciso avaliar, pois esse tipo de carga tem dez dias de armazenagem gratuita em Paranaguá, enquanto no Teca tem que pagar pelo tempo estocado.

INFLUÊNCIA NEGATIVA
A crise econômica impactou as operações reduzindo as importações, de acordo com Karina Turbay Schnaid. Ela afirma que as empresas buscaram alternativas domésticas para fugir da flutuação do câmbio. "O empresário que importava buscou suprir sua demanda com fornecedor nacional. Mesmo com um custo mais alto, com o fornecedor doméstico ele consegue mais margem de negociação", explica Schnaid.
Na importação, a empresa precisa antecipar o pagamento antes da chegada do insumo e ainda sofre o impacto da carga tributária. "Ela precisa ter um bom capital de giro para investir e esperar, às vezes, 60 dias para receber a mercadoria e daí começar a produção."