Inflação para baixa renda desacelera no mês de junho
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sexta-feira, 11 de julho de 2014
Fábio Galiotto<br>Reportagem Local
A inflação para famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos fechou o mês de junho com alta de 0,35%, puxada pela menor pressão no preço dos alimentos e pelo recuo na tarifa de ônibus urbano. O Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), indica que houve desaceleração em relação ao mês de maio, quando ficou em 0,58%.
No acumulado em 12 meses, no entanto, a taxa acelerou, já que o índice de junho de 2013 foi de 0,33%. Assim, a inflação em um ano representa alta de 6,02% e, entre janeiro e junho, está em 4,05%.
Cinco das oito classes pesquisadas recuaram em junho em relação a maio. Alimentação passou de alta de 0,27% para 0,08% e teve o maior peso. "Os alimentos comprometem 30% do orçamento das famílias com renda de até 2,5 salários, enquanto o IPC geral é em torno de 20%", diz o economista André Braz, da FGV.
Apesar de Alimentação fechar o mês com a menor taxa para o ano, ele lembra que houve queda de 0,22% nos preços em junho de 2013. Braz considera que os produtos mais comuns na mesa do consumidor devem voltar a cair de preço, mas menos do que no segundo semestre do ano passado, o que pode fazer com que a inflação para a baixa renda se aproxime do índice geral.
O Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-Br) aumentou 0,33% no mês passado, menos do que o IPC-C1. No entanto, o indicador mais amplo está em 6,55% para o acumulado em 12 meses.
Técnico e ex-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná, Eugênio Stefanelo afirma, entretanto, que o custo dos alimentos deve sofrer queda significativa até o fim do ano, influenciado pelas cotações internacionais de commodities como a soja, o milho e o trigo. "Houve uma recuperação da produção mundial, principalmente da americana, e o preço vai cair internamente", conta.
Stefanelo cita que o peso da alimentação pode chegar a 40% do orçamento de famílias que recebem um salário mínimo, mas deve diminuir, a não ser que ocorra um problema climático, como geadas. "Estamos no terceiro ou quarto mês de queda nos preços em relação ao início do ano", diz. Ele lembra que tomate, batata, feijão, café e hortaliças ficaram mais baratos, além dos derivados de milho, soja e trigo. "Somente carnes e leite ainda mantêm um preço mais elevado."
Mais destaques
As tarifas de ônibus urbano tiveram redução de 0,22% em junho, o que levou a uma queda de 0,09% no grupo Transportes. A categoria também puxou a baixa do IPC-C1, já que havia tido alta de 0,58% em maio.
Houve desaceleração ainda em Habitação (de 0,84% para 0,61%) pela menor variação na tarifa de eletricidade residencial, em Saúde e Cuidados Pessoais (0,94% para 0,56%) e em Despesas Diversas (0,77% para 0,27%). Por outro lado, o índice foi puxado para cima pelos grupos Vestuário (0,46% para 0,74%), Educação, Leitura e Recreação (0,69% para 0,94%) e Comunicação (0,06% para 0,37%).
A previsão da FGV é que o IPC-C1 fique entre alta de 0,10% e 0,15% em julho, ante uma queda de 0,29% no mesmo mês do ano passado. (Com Agência Estado)