Indústria já é maior força do agronegócio
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quarta-feira, 02 de fevereiro de 2000
Paulo Pegoraro
De Cascavel
Balanços que estão sendo apresentados por cooperativas de produtores rurais do Oeste paranaense indicam que produtos industrializados por elas são predominantes na composição de seu faturamento, e cada vez mais os produtos comercializados in natura perdem peso na receita. Na Cooperativa Agropecuária Cascavel (Coopavel), os primeiros representaram no ano passado 80% dos R$ 289 milhões faturados.
Os números constam de balanço apresentado pela diretoria da Coopavel, em assembléia de prestação de contas realizada anteontem. Em Cafelândia, a diretoria da Cooperativa Agrícola Consolata (Copacol) relatará amanhã desempenho semelhante, ratificando-se em definitivo o acerto dos projetos de verticalização da economia e atividades. Ela é representada principalmente pela transformação de grãos em ração.
O processo se completa com a alimentação de rebanhos, que oferecem a carne para industrialização. No caso da Coopavel, são abatidos diariamente 140 mil frangos, 1,5 mil suínos e 200 bovinos. Os dois últimos frigoríficos foram inaugurados no ano passado, completando o projeto carne deflagrado no início dos anos 90, com investimentos globais de R$ 50 milhões, inteiramente com recursos próprios.
Também o setor de laticínios foi estimulado pela verticalização - no ano passado, foram 11 milhões de litros. Com isso, a comercialização de matéria-prima representou apenas 7% de toda a movimentação financeira - serviços, 1%. O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, observa que a venda de industrializados garante expressiva agregação de valor à produção, por isso o faturamento teve crescimento de 25%.
Na Copacol, o presidente, Valter Pitol, relatará aos cooperados, amanhã, que, embora as adversidades da economia do País, o faturamento no ano passado chegou a R$ 356 milhões, crescendo 33% em relação ao exercício anterior. A cooperativa abateu 130 mil frangos ao dia, e parte considerável de seu faturamento originou-se de derivados e cortes selecionados, com acréscimo de 64% nas exportações.
O desempenho estimula um projeto de duplicação da capacidade do frigorífico, que estará concluído até o final do ano. A cooperativa de Cafelândia também opera desde o ano passado uma Unidade de Recebimento e Beneficiamento de Café, nova forma de verticalizar a produção dos cooperados, e implantou um Centro de Controle de Qualidade, com laboratórios para análise de sementes e da produção do frigorífico.