A indústria e a construção civil voltam às suas atividades nesta quarta-feira (15) em Londrina. Na indústria, só no setor metalmecânico, pelo menos 400 empresas e 15 mil funcionários devem voltar ao trabalho. No setor de construção civil, são cerca de 800 construtoras na região de Londrina. Cerca de 10 mil trabalhadores devem voltar à ativa na cidade, número que pode ser menor devido às demissões que aconteceram no setor.

Para ambos os setores, esta quarta-feira será dia de colocar as empresas em ordem para a retomada das atividades, processo que costuma ser lento. “Essas retomadas costumam ser lentas porque a gente precisa religar os equipamentos, os aparelhos, levar o material, ferramental para dentro do canteiro de obras, religar tudo, engraxar, testar, reativar refeitório, banheiro, limpeza. Amanhã (quarta-feira) é dia de tarefa, que as pessoas começam a mobilização”, comenta Sandro Nóbrega, presidente do Sinduscon Norte (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná). “Tem obra que retoma rapidinho, amanhã mesmo, mas tem outras que vão retomar no decorrer da semana, aos poucos.”

Na visão de Nóbrega, no entanto, as restrições impostas pelo município para o retorno da atividade da construção civil não serão um grande empecilho. “O canteiro de obras não é um lugar lotado de gente. Antigamente era, mas hoje com a automatização das atividades, diminui drasticamente o número de pessoas no canteiro. Então o espaçamento entre pessoas é tranquilo, o uso máscara é corriqueiro, o pessoal é muito habituado a utilizar os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).”

Imagem ilustrativa da imagem Indústria e construção civil retomam atividades nesta quarta

De acordo com Ary Sudan, empresário do setor metalmecânico, o primeiro dia de retomada da indústria será um dia de reuniões para explicar o que foi estabelecido no decreto para as regras sejam seguidas corretamente. As atividades devem voltar ao ritmo normal só dois dias depois, estima ele. “A indústria para antes da hora e começa lentamente. Tem que começar antes, preparando material para que possa, dois dias depois, estar trabalhando normalmente.”

Mesmo com a abertura do comércio, programada para o próximo dia 20, a demanda deve permanecer baixa, devido ao sentimento de medo da população, avalia Marcus Von Borstel, vice-presidente da Fiep. "A indústria da construção tem obras em andamento, mas algumas outras estão fechadas não por decreto, mas porque não têm demanda. Estamos acreditando que é um ano de extrema dificuldade, não recupera o embalo econômico do começo de 2020. Enquanto federação, a gente está querendo salvar vidas, mas sem deixar de lado o setor produtivo."

Para Sudan, a greve dos caminhoneiros ficou “pequena” diante dessa crise. “O tempo de parada foi o dobro, é um prejuízo muito grande. (A paralisação das atividades) Deixou um buraco que não vai preencher tão cedo. Vai deixar um rastro de desemprego muito grande.”

Por outro lado, a situação deixou ensinamentos, analisa o empresário. “Primeiro vamos descobrir que tínhamos muita ociosidade. Como tivemos que fazer muitas mudanças e afastar muita gente de grupos de risco, ficamos com um grupo menor e descobrimos que podemos ter uma produtividade bem maior. Éramos muito dependentes de alguns fornecedores. Os setores têm que ter um pouco mais de segurança, mais fornecedores, coisas sendo realizadas internamente e não dependendo de outros.”