France PresseDois gumesMoeda japonesa em queda livre amplia as condições de competitividade da indústria, mas também preocupa

Os empresários japoneses esperam se beneficiar da queda do iene, que chegou à menor cotação em relação ao dólar dos últimos quatro anos, mas estão também preocupados com sua volatilidade, afirmaram analistas. O dólar foi vendido a 122.62/122.65 ienes ontem em Tóquio, contra 122.75 ienes há poucos dias, chegando a níveis que não se via desde fevereiro de 1993.
‘‘Para alguns exportadores, a queda do iene é boa, e inesperada, notícia’’, disse Yasutoshi Nagai, economista do Instituto de Análise Yamaichi. ‘‘A queda do iene vai aumentar a competitividade internacional das empresas japonesas, que tem caído nos últimos anos, desde que o iene valorizou em relação ao dólar’’, explicou Nagai.
Os investidores do Tokio Stock Exchange também gostaram da valorização do dólar em relação ao iene, que tem como primeira consequência a redução dos preços dos produtos japoneses no exterior. A direção da Sony, por exemplo, afirmou ontem que a queda do iene será um dos principais fatores para aumentar suas vendas’’. As exportações da Sony totalizam 70% dos seus negócios mundiais.
Segundo os corretores japoneses, o iene vai continuar frágil até a próxima reunião, em 8 de fevereiro em Berlim, dos ministros de Finanças e governadores dos bancos centrais do Grupo dos Sete países mais industrializados (G-7).

Analistas acham
que 124 ienes
devem equivaler
a um dólar


O Instituto Yamaichi afirmou ontem que uma baixa de 10 ienes em relação ao dólar supõe um aumento de 0,5% do Produto Interno Bruto. Para vários especialistas, o iene continua supervalorizado em relação ao dólar. Eles afirmam que a equivalência de 124 ienes por um dólar seria mais adequada.
O Conselho Japonês de Comércio Exterior destacou que as exportações do país aumentaram pela primeira vez em seis anos em 1996 devido à queda do iene. Este grupo empresarial indicou que as vendas das 19 principais sociedades exportadoras chegarão a 100 bilhões de dólares, um aumento de 4,6% em relação ao ano passado, graças principalmente às vendas de veículos para a América do Norte.
Entretanto, as mudanças rápidas da cotação do iene em relação ao dólar são um motivo de preocupação para o governo e para o setor privado. O primeiro-ministro Ryutaro Hashimoto disse há dias que ‘‘a tendência à supervalorização do dólar é grande. Não gostamos de mudanças rápidas’’. O presidente do Banco central japonês, Yasuo Matsushita, afirmou que a ‘‘queda do iene é muito rápida’’, o que coincide com a análise do setor privado. ‘‘Uma mudança rápida das cotações das moedas não é boa’’, disse Nobuya Eto, dirigente da Toyota. ‘‘Não só exportamos automóveis. Também importamos material’’, explicou.