Os aposentados e pensionistas que questionaram a cobrança de mensalidades associativas e de descontos irregulares autorizados pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em seus benefícios previdenciários já podem procurar novamente uma agência dos Correios para conferir o resultado das contestações.

Na manhã desta terça-feira (17), a FOLHA foi até a agência dos Correios da Avenida Rio de Janeiro, no centro de Londrina, para conversar com alguns aposentados e pensionistas sobre a situação, considerada por eles como revoltante, e quais os próximos passos para reaver os valores descontados.

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'Se voltar tudo pra mim, vou ficar rica'

Com dezenas de folhas em mão, Carmen Ribeiro dos Santos, 70, mostrava, indignada, os descontos irregulares que aconteciam desde 2018. A maioria era relativa a empréstimos consignados que nunca foram solicitados por ela, assim como mensalidades associativas de entidades desconhecidas. Por mês, os descontos passavam de R$ 500 ou até mesmo de R$ 600. “Era para eu receber R$ 1.600, mas chegava a receber R$ 900 e pouco por mês”, relata.

Desde 2018 ela fazia pagamentos de parcelas dos empréstimos consignados, que variavam de R$ 900 a R$ 1.700, valor que era contratado pelos criminosos. O medo da aposentada e pensionista é de não conseguir de volta os “valores roubados”. “Se voltar tudo para mim eu vou ficar rica porque olha o tanto que eles já roubaram de mim”, conta.

Ela afirma que já pediu o cancelamento de todos os descontos e mensalidades e a recomendação, agora, é de seguir acompanhando pelo telefone 135. “Agora vai vir mais dinheiro para mim porque antes não estava vindo quase nada”, lamenta.

A aposentada explica que, supostamente, os empréstimos foram todos contratos por telefone, assim como as mensalidades associativas, sendo que ela sempre vai até uma agência quando precisa de algo. “Nunca fiz empréstimo por telefone”, afirma.

Santos aponta que eles já estavam “acostumados” a roubar parte do benefício dela, já que os valores iam aumentando ano após ano. Ela explica que os filhos questionavam se ela estaria fazendo tantos empréstimos para que o valor do benefício estivesse tão baixo: “antes eu não sabia o que responder, mas agora eu tenho a resposta aqui”, reforça.

Depois de trabalhar por mais de 40 anos, ela lamenta ainda ter que passar por essa situação. “Eles ficaram à vontade. Só deixaram um pouco para eu sobreviver”, afirma.

Tirar dúvidas

Além de acompanhar os resultados das contestações, os beneficiários também podem ir até uma agência dos Correios para consultar se houve algum desconto e, em caso positivo, contestar os valores. Todo o processo também pode ser feito pelo 135 ou pelo aplicativo Meu INSS. As justificativas das associações e sindicatos estão sendo liberadas aos poucos, já que elas têm 15 dias úteis para responder a cada uma das contestações repassadas pelo INSS.

O aposentado Antônio Félix, 66, foi até a agência para tirar dúvidas sobre os descontos e confirmar se também era vítima da fraude. Para alegria dele, a resposta foi negativa. “Graças a Deus porque esse é o dinheirinho que a gente tem para ir no mercado, imagina se tem desconto ainda?”, questiona.

Elza Franco da Silva, 74, também foi acompanhar o andamento da contestação e, para sua surpresa, a resposta foi negativa. Entretanto, desde junho do ano passado o benefício chega com um desconto de quase R$ 60, respectivo a um empréstimo. “Eu não autorizei e não contratei nada”, afirma, complementando que vai atrás de um advogado para dar andamento no processo.

Para quem ganha um salário mínimo, explica a aposentada, R$ 60 é muito dinheiro. Se somado todos os valores, ela garante que já dá para custear parte da cirurgia que precisa fazer.

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