IBGE apura queda na média de salários na indústria em 99
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2000
Agência Estado
Do Rio de Janeiro
A recessão em 1999 provocou a primeira queda na média dos salários na indústria desde 1992, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A soma dos salários pagos no setor também caiu mais do que o número de empregos, o que não acontecia desde 1991. Os dois fenômenos mostram que, no ano passado, os trabalhadores tiveram de suportar a perda de renda para manter suas vagas nas fábricas, segundo a gerente de Dados da Indústria do IBGE, Miriam Ferreira.
Houve redução de 2,8% do salário médio da indústria, que é calculado com o desconto da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE. A última retração, em 1991, havia sido de 0,2%. O pior ano foi em 1990, quando houve o confisco do governo Collor, quando o declínio chegou a 16,4%. Em um quadro de desemprego e queda da produtividade da indústria, o poder de barganha do trabalhador é afetado, constatou Miriam.
Podemos dizer, grosso modo, que foi melhor manter o emprego sem aumento, sintetizou a analista do IBGE. Outro indicador desta tendência foi o recuo do total dos salários pagos na indústria, de 10% no ano passado. O percentual foi maior do que o declínio de 7,3% do número de vagas na indústria. Geralmente, o salário acompanha a indústria, afirmou Miriam.
A última vez em que houve esta perda foi no início da década, em 1990, também por causa do Plano Collor. Naquele ano, o total dos salários teve redução de 23,6%, enquanto o nível de emprego baixou apenas 5,4%. Os piores indicadores em 1999 foram registrados em Minas Gerais (11,4%) e São Paulo (11%).
Do terceiro para o quarto trimestre de 1999 a queda da média salarial da indústria se acelerou, passando de 3,2% para 4 8%. Dos 22 segmentos industriais pesquisados pelo IBGE, 19 mostraram perdas. As mais graves foram na indústrias extrativa mineral e de produtos alimentícios. No primeiro caso, a retração do salário médio passou de 1,2% de julho e setembro para 6,7% entre outubro e dezembro. No caso da indústria dos alimentos, a redução foi de 2,5% no terceiro trimestre e de 6% nos últimos três meses.
Ao mesmo tempo em que aumentou a perda salarial, o ritmo de demissões na indústria ficou mais brando no segundo semestre, segundo o instituto. No terceiro trimestre, a retração do número de postos de trabalho foi de 7%, e no quarto, de 1,4%. Mesmo o índice de demissões na indústria, de 7,3%, ficou abaixo do registrado em 1998, quando chegou a redução foi de 9,1%.
A gerente do IBGE afirmou que, para que o salário e o nível de emprego na indústria melhorem este ano, é preciso que haja um grande aumento da produtividade. Ela informou que os indicadores de produção do setor no início deste ano devem ser positivos mas porque no começo do ano passado, período que serve de base de comparação, a atividade das fábricas estava muito reduzida. A indústria precisa produzir muito para voltar a contratar e pagar melhores salários, advertiu.